"Esses 50 anos mostraram que isolamento não
funcionou", diz Obama sobre Cuba282
Do UOL, em São Paulo Atualizada 17/12/201418h32
O presidente dos EUA, Barack Obama, anuncia uma mudança na política em
relação a Cuba em discurso na Casa Branca
Depois de mais de 50 anos de ruptura, os Estados Unidos e Cuba iniciam a
retomada de relações diplomáticas, informaram ambos os países nesta
quarta-feira (17).
"Pretendemos criar um novo capítulo nas relações entre os
países", disse o presidente norte-americano, Barack Obama, ao abrir o seu
discurso.
Ele destacou que a barreira ideológica e econômica entre os dois países,
desde 1961, não faz mais sentido, em referência ao regime socialista da ilha.
Obama citou que o país "deve se preocupar com ameaças reais, como os grupos
extremistas Al Qaeda e Estado Islâmico".
"Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou, é tempo de
outra atitude", frisou Obama. No seu discurso, Obama usou expressões
em espanhol. "Os cubanos têm um ditado: 'No és facil', ou 'não é fácil', mas
hoje os Estados Unidos querem ser um parceiro no sentido de tornar a vida dos
cubanos comuns um pouco mais fácil, mais livre, mais próspera", disse.
"Todos somos americanos", concluiu em espanhol.
Ao mesmo tempo em que Obama anunciava
a retomada de relações com Cuba, o
presidente da ilha, Raúl Castro, falava aos cubanos. Em Havana, o
líder destacou que o governo concordou em restabelecer as relações diplomáticas
e que havia proposto aos EUA "a adoção de medidas neutras baseadas nas
leis cubanas" neste processo.
Castro enfatizou, entretanto, que "há ainda muito trabalho a ser feito".
"O embargo continua por enquanto, causando prejuízos enormes ao nosso
povo. Isso precisa acabar."
Obama e Castro já haviam conversado mais cedo nesta terça-feira (16) por
telefone para discutir os planos da libertação do cidadão norte-americano Alan Gross,
um agente de inteligência e de três cubanos presos nos Estados Unidos.
Entre
as mudanças previstas, estão o relaxamento no fluxo de comércio, com o
aumento do valor de dinheiro que pode ser enviado dos EUA para Cuba, bem como a
facilitação de viagens de cidadãos daquele país à ilha.
Os EUA planejam também abrir uma embaixada em Cuba como parte de seus planos
para normalizar as relações com o país de Castro. Obama designou o
secretário de Estado, John Kerry, para iniciar negociações imediatas com Cuba.
A suspensão do embargo econômico à ilha dependerá, lembrou Obama, da
aprovação do Congresso de seu país. O político pediu que a Casa inicie um
debate "honesto" e "sério" sobre o tema. Em 1960, os
Estados Unidos impuseram um embargo comercial contra Cuba – o adversário da
Guerra Fria mais próximo de sua costa.
Libertação de
presos
Cuba
soltou o norte-americano Alan Gross, 65, após cinco anos de prisão. Após ser preso em
3 de dezembro de 2009, o norte-americano foi condenado a 15 anos de prisão em
2011 pelo que o governo cubano descreveu como "ações contra a integridade
territorial do Estado". Ele sofre de diabetes e teve suas condições de
saúde agravadas com a prisão.
Cuba também está libertando um agente de inteligência norte-americano
detido por quase 20 anos.
O governo dos Estados Unidos libertou três agentes de inteligência
cubanos, presos desde 1998: Gerardo Hernandez, 49, Antonio Guerrero, 56, e
Ramon Labañino, 51. Dois outros foram libertados antes de cumprirem a sentença
toda: Rene Gonzalez, 58, e Fernando Gonzalez, 51. No entanto, segundo o
"New York Times" apurou com fontes diplomáticas americanas, essa não
foi uma "troca de prisioneiros". (Com agências internacionais)
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