domingo, 28 de junho de 2015

SIM, QUERO SER O HOMEM QUE SOU

Raul Seixas completaria 70 anos; leia curiosidades sobre sua vida
THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO
Este domingo marca os 70 anos de nascimento do cantor Raul Seixas (1945-1989), saudado como 'maluco beleza' por gerações de fãs. Leia aqui curiosidades que contam a sua vida, de A a Z:
A - 'AOS TRANCOS E BARRANCOS'
O único samba composto por Raul saiu no disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez", projeto de 1971 criado por ele com os cantores Sergio Sampaio e Miriam Batucada e o cantor/ator Edy Star.
B- BRUCE SPRINGSTEEN
Em setembro de 2013, o roqueiro americanoveio ao país para o Rock in Rio. Dias antes, deushow em São Paulo e surpreendeu a plateia aocantar "Sociedade Alternativa", com guitarra pesada e português decorado; ele repetiu a dose no Rio.
C-CCBS
Raul foi contratado pela gravadora CBS comoprodutor em 1968, por indicação de Jerry Adriani. Produziu muita coisa anonimamente. Fez parceria com Leno (da dupla Leno & Lilian) e compôs músicas para astros da jovem guarda.




D- DIABETES
A condição de diabético foi determinante na morte de Raul, no dia 21 de agosto de 1989. Ele sofreu parada cardíaca atribuída ao alcoolismo e ao fato de não ter tomado insulina no dia anterior, o que provocou uma pancreatite aguda fulminante.
E-ELVIS PRESLEY
Quando adolescente, Raul escreveu em um diário uma lista de seus cantores favoritos. Ele repetiu nas cinco primeiras linhas o nome de Elvis Presley. Raul foi obcecado pelo ídolo e tentava (com sucesso) imitar sua voz e a postura no palco.
F-FANÁTICOS
Seus fãs radicais consideram o cantor o único roqueiro brasileiro. Todo dia 21 de agosto, data de sua morte, eles se reúnem na Passeata Raul Seixas, no centro de São Paulo, muitos fantasiados de Raulzito. Como o ídolo Elvis, ele passou a ser personificado. Em 1992, o extinto jornal "Notícias Populares" promoveu jogo de futebol de sósias de Elvis X imitadores de Raul.
G- 'GITA'
Em junho de 1974, esta música inspirada em textos sagrados do hinduísmo colocou Raul e seu parceiro Paulo Coelho como "profetas" da música brasileira. O clipe gravado para o programa "Fantástico" popularizou a canção.



H- HOLLYWOOD ROCK
Raul participou deste festival em 1975, no Rio, ao lado de Erasmo Carlos, O Peso e Rita Lee & Tutti-Frutti. Saiu um LP de mesmo nome, que era um falso disco ao vivo, com aplausos e gritos sobrepostos às versões das músicas em estúdio.
I-INFANTIL
Raul ganhou inesperada fatia de fãs infantis em 1983, ao cantar "Carimbador Maluco" no especial da Globo "Plunct Plact Zuuum". Lançada também em seu álbum daquele ano, "Raul Seixas", deu a ele um disco de ouro.
J - JERRY ADRIANI
Cantor romântico associado à jovem guarda e ao boom de músicas italianas no Brasil nos anos 1960, Adriani contratou várias vezes Raulzito e os Panteras como banda de apoio em shows. Ele e Raul dividiam admiração por Elvis Presley.



K - 'KRIG-HA, BANDOLO!'
Lançado em julho de 1973, foi o álbum que transformou Raul em ídolo nacional, puxado por seu primeiro grande sucesso, "Ouro de Tolo". Outros clássicos do disco: "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa" e "Al Capone".
L - 'LET ME SING, LET ME SING'
O primeiro compacto da carreira de Raul, de setembro de 1972, traz uma música com letra em português, mas com o refrão em inglês. Ele defendeu essa mistura de rock and roll e baião no Festival Internacional da Canção daquele ano.
M - MARCELO NOVA
Também baiano, o cantor da banda Camisa de Vênus resgatou Raul em sua fase derradeira. A dupla fez turnê de 50 shows e gravou o álbum "A Panela do Diabo", lançado em 19 de agosto de 1989, dois dias antes da morte de Raul.
N - NAMORADAS E MULHERES
A primeira mulher de Raul foi Edith Wisner, que conheceu em 1963. Ele também viveu com Glória Vaquer (1975), Tania Menna Barreto (1978), Angela Affonso Costa (1979) —Kika Seixas, que cuida de seu legado— e Lena Coutinho (1982)



O - 'OURO DE TOLO'
O segundo compacto de Raul, lançado em maio de 1973, estourou em todo o Brasil com sua letra que criticava a sanha consumista do "milagre brasileiro". Raul lançou o single cantando no meio da avenida Rio Branco, em São Paulo
P - PAULO COELHO
O escritor brasileiro mais vendido no mundo foi parceiro de Raul nos anos 1970. Eles se separaram em 1976, ainda amigos, deixando hits como "Gita", "Medo da Chuva", "Sociedade Alternativa", "Tente Outra Vez" e "A Maçã".
Q - QUASE LINCHADO
No começo dos anos 1980, Raul viveu altos e baixos. Em 1982, cantou para 150 mil pessoas em show na praia, em Santos. Mas, no ano seguinte, apresentou-se bêbado em Caieiras (SP) e foi agredido violentamente pela plateia, que pensava ser ele um imitador.
R - RAULZITO E OS PANTERAS
O primeiro álbum de Raul saiu em janeiro de 1968, com a banda que tinha Eládio Gilbraz (guitarra), Mariano Lanat (baixo) e Carleba (bateria). Raul compôs oito das 12 faixas. O sucesso do cantor transformou o disco em peça de colecionador.
S - SOCIEDADE ALTERNATIVA
Raul e Paulo Coelho criaram 1974 a Sociedade Alternativa, com sede oficial e registro de entidade. Eles tinham como inspiração o "Livro da Lei", do bruxo inglês Aleister Crowley e o lema do grupo era "faça o que tu queres pois é tudo da lei".


T - 'TOCA, RAUL'
Entre as várias explicações para o surgimento de uma das expressões mais lendárias da música brasileira há a de que o público nos shows de Marcelo Nova, nos anos 1990, pedia para que ele tocasse músicas de Raul, com quem teceu parceria.
U - 'UAH-BAP-LU-BAP-LAH-BEIN-BUM'
Gravado em 1986, mas só lançado no ano seguinte, traz o sucesso "Cowboy Fora da Lei" e foi o terceiro disco mais vendido do cantor, atrás apenas de "Gita" (1974), e "Raul Seixas" (1983).
V - VIVI SEIXAS
Atuando como DJ desde 2006, Vivi é a única filha de Raul que se arrisca na música. Ela é filha de Kika Seixas. Ele tem mais duas filhas, Simone (com Edith Wisner) e Scarlet (com Glória Vaquer).
W - WALDIR SERRÃO
Foi com Serrano que Raul fundou, ainda na escola, o Elvis Rock Club. Seus biógrafos concordam que a amizade com ele foi fundamental no desenvolvimento do músico e sua paixão pelo rock.
X - XORORÓ
Sempre ao lado de Chitãozinho, Xororó regravou "Tente Outra Vez" no disco "Tamanho do Nosso Amor", de 2013.
Y - YOUTUBE
Uma pesquisa simples pelo nome "Raul Seixas" na plataforma digital de vídeos oferece mais de 45 milhões de resultados, entre clipes, entrevistas, letras de música e citações.
Z - ZÉ RAMALHO
Fã declarado de Raul, Zé Ramalho já dedicou shows ao repertório do ídolo. Ele lamenta que Paulo Coelho não dê autorização para a regravação das canções que escreveu com Raul, o que limita o repertório que pode ser gravado. 









quarta-feira, 24 de junho de 2015

MANDIOCA: A HOMENAGEM


Significado de Mandioca

s.f. Gênero de plantas euforbiáceas, que compreende arbustos da América, cuja raiz fornece uma fécula nutritiva, de que se faz a tapioca.

Sinônimos de Mandioca

Sinônimo de mandioca: aipim 

Definição de Mandioca

Classe gramatical: substantivo de dois gêneros
Separação das sílabas: man-di-o-ca
Plural: mandiocas




sábado, 20 de junho de 2015

MÚSICA = METAMORFOSE



Hoje na História: 1962 - É fundada a banda de rock britânica The Rolling Stones
Max Altman | São Paulo -
Com mais de 50 anos de carreira e milhões de álbuns vendidos, é um dos mais antigos grupos em atividade

Em 25 de maio de 1962, na Inglaterra, nascia The Rolling Stones, uma das bandas de rock mais antigas ainda em atividade. Ao lado dos Beatles, os Rolling Stones foram considerados os mais importantes da chamada “Invasão Britânica” dos anos 1960, tendo influenciado diversos grupos musicais posteriores e, além disso, os próprios costumes da sociedade da época. 
Formado por Brian Jones, Keith Richards, Mick Jagger, Bill Wyman e Charlie Watts, o grupo se inspirou no blues para criar seus ritmos. Em 50 anos de carreira, a banda tornou-se conhecida em todo o mundo por sucessos como “Beast of Burden”, “Tumbling Dice”, “Ruby Tuesday”, “Wild Horses” “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Sympathy for the Devil” e “Angie”. Os Rolling Stones já venderam mais de 240 milhões de álbuns no mundo inteiro.

[Logotipo oficial dos Rolling Stones] 
Tudo começou em 1960, quando Mick e Keith, dois amigos de infância, se reencontraram em um trem na estação de Dartford, Inglaterra, e descobriram um interesse em comum por blues e rock and roll. Foram convidados pelo guitarrista Brian Jones em 1962 a montar uma banda que se chamaria The Rolling Stones. O nome foi utilizado pela primeira vez em sua apresentação no Marquee Club de Londres em 12 de julho de 1962. 
A boa repercussão nas apresentações ao vivo, somada à habilidade promocional de seu empresário, levou a banda a um contrato com a Decca Records. O empresário promove a banda com imagem de rebeldes e cria a pergunta: Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?.

Os primeiros singles foram bem aceitos. O primeiro álbum, intitulado The Rolling Stones, saiu em abril de 1964, contendo apenas uma composição de Jagger e Richards. Pouco a pouco, tendo em Out Of Our Heads, de 1965, o primeiro de uma série de discos, composições da dupla Jagger-Richards passaram a ser valorizadas. É nesse ano que a banda lança seu maior hit de todos os tempos, “(I Can't Get No) Satisfaction”.

Com o álbum Aftermath, de 1966, a banda começaria uma fase de músicas mais longas e de arranjos mais elaborados. O flerte com o rock psicodélico e experimental teria seu ápice em Their Satanic Majesties Request, de 1967. Com Beggar's Banquet (1968) haveria a volta ao estilo mais próximo ao R&B que os fizeram famosos. São desta época dois dos maiores hits da banda, Jumpin' Jack Flash e a controversa Sympathy For The Devil - que Mick disse ter se inspirado em uma visita a um centro de candomblé na Bahia - música responsável pela maior parte das acusações de satanismo que a banda iria sofrer desde então.

Em 1969 Brian Jones oficialmente abandona os Stones, sendo substituído por Mick Taylor. Poucos dias depois, Jones seria encontrado morto afogado em sua piscina em Sussex, em circunstâncias pouco esclarecidas. Na semana seguinte, a banda deu um concerto memorável no Hyde Park, Londres, diante de um público de 300 mil pessoas. O palco estava decorado com uma enorme foto colorida de Jones. Jagger, vestido de branco, interrompeu a apresentação para ler uma passagem do poema Adonais de Percy Shelley, em memória do amigo problemático, enquanto três mil borboletas eram soltas ante a emoção da plateia.
Em 6 de dezembro de 1969, o grupo chegou a Altamont, Califórnia, para uma apresentação ao ar livre, com plateia de mais de meio milhão de espectadores. A segurança estava sob responsabilidade da agência Hell’s Angels, uma gangue de motoqueiros violentos e arrogantes. Quando os Rolling Stones finalmente foram se apresentar, a multidão ficou histérica, e os Hell’s Angels reagiram selvagemente. No dia seguinte os Rolling Stones tomaram conhecimento de que quatro pessoas haviam sido assassinadas. O que aconteceu naquele fatídico dia está registrado no filme “Gimme Shelter”, de 1970. Ainda em 1969 os Stones lançaram Let It Bleed, visto como sátira ao Let It Be, dos Beatles. Em 1970 sai Get Your Ya-Ya's Out, o primeiro disco ao vivo, gravado no Madison Square Garden.

Em 1971 a banda passa para a Atlantic Records, estreando o selo próprio, Rolling Stones Records. Nesse ano o grupo lançou um dos seus álbuns mais curiosos, Sticky Fingers, cuja capa foi idealizada por Andy Warhol com uma foto de uma pélvis atribuída a Jagger e cujo LP original possuía um zíper que podia ser aberto e mostrava a figura de uma cueca.

Keith Richards, encontrando-se no interior da França para tentar se livrar das drogas,  chama Mick Jagger para compor. Os dois se juntam por várias semanas e produzem dezenas de novas composições. Para lá é enviado o estúdio móvel de gravação da Rolling Stones Records. Após a mixagem lançam, em 1972, o álbum duplo Exile on Main Street, considerado pelos críticos como o melhor álbum da banda pela sua consistência, plasticidade e versatilidade que inclui “Tumblind Dice”, hit até os dias de hoje.

Em 1973 lançam o álbum Goats Head Soup, conhecido pelo hit “Angie” e pela polêmica “Star Star”. Em 1974 gravam o clássico “It's Only Rock'n'Roll”. Com a saída repentina de Mick Taylor, Wood assume a segunda guitarra.

Embora a turnê de 1975 tenha sido batizada de Tour Of The Americas pois previa, além dos Estados Unidos e Canadá, shows no Brasil, México e Venezuela, estes últimos não ocorreram por restrições políticas dos governantes, preocupados com a imagem de desordeiros e drogados da banda, que desagradava seus regimes.

Lançam, então, Black & Blue (1976), um disco mais intimista com fortes participações de convidados, como Billy Preston. O álbum seguinte é Love You Live (1977), gravado na turnê européia de 1976, bastante heterogêneo. Em (1978) lançam Some Girls, que era bem mais pesado do que os recentes trabalhos. Este disco é fortemente influenciado pelo movimento punk surgido na Inglaterra no ano anterior, com temas rápidos e agressivos como “Respectable” e “When The Whip Comes Down”. A nova turnê pelos Estados Unidos mostrou a tendência visual a ser explorada: moda de shows gigantescos de duração de três horas, palcos móveis e desmontáveis e toneladas de equipamentos de som e luz. Em 1980 lançam um disco mais linear, Emotional Rescue, com o hit de mesmo nome.
Em 1981 a banda deixa a Atlantic Records e assina com a EMI. O álbum de estreia é Tatoo You, tido pelos fãs como o melhor álbum da banda. Nele se destacam inúmeros sucessos como a explosiva “Start Me Up” e a balada “Waiting On A Friend”.

Lançam em solo norte-americano, em 1982, o álbum ao vivo Still Life e o filme Let's Spend the Night Together, sob a direção de Hal Ashby, exibindo o vigor juvenil de Jagger e a reabilitação de Richards das drogas. 
O relacionamento entre os membros da banda não era dos melhores, com desentendimentos freqüentes entre Jagger e Richards. Especulações sobre o fim da banda duraram seis anos, embora o clima ruim não impedisse que continuassem sendo lançados álbuns de repercussão cada vez maior.

Os Stones adentraram a década de 90 com uma nova gravadora, a CBS, em meio a rumores de que Jagger e Richards não podiam nem mesmo dividir uma mesma sala sem se engalfinharem. Todavia, os problemas pessoais foram colocados de lado e a banda se apresentou como nos velhos tempos. Reflexo disso é o álbum Flashpoint de 1990, que traz os Stones de volta aos palcos depois de sete anos. 
Outro membro original, Bill Wyman, deixa o grupo em 1993. Para o seu lugar é escalado o baixista Darryl Jones, músico apenas contratado, não sendo considerado membro oficial.

Em 1994, após um longo período de inatividade, é lançado com grande estardalhaço o álbum Voodoo Lounge, seguido pela turnê internacional de mesmo nome que se iniciou em 19 de julho de 1994 e foi encerrada em 30 de agosto de 1995, tendo arrecadado em torno de 400 milhões de dólares.

No ano seguinte lançam The Rock and Roll Circus, trilha sonora de um filme arquivado desde 1968 com a inclusão de diversos artistas. Ainda em 1997 sai Bridges of Babylon, com uma capa luxuosa e uma excursão mundial igualmente grandiosa. Com dois shows no Brasil e com participação especial de Bob Dylan, confirmaram o país com status de rota obrigatória. Retrato dessa turnê foi o lançamento do álbum ao vivo No Security, em 1998.

Para comemorar os 40 anos do grupo, em 2002 lançam o álbum duplo Forty Licks que traz, além de 36 sucessos da banda, 4 novos hits: “Don't Stop”, “Keys To Your Love”, “Stealing My Heart” e “Losing My Touch”. Em agosto do mesmo ano empreendem uma de suas maiores turnês - a Licks Tour – que passou por todos os continentes, encerrada em novembro de 2003. Ao final do mesmo ano lançam o esplêndido DVD quádruplo Four Flicks, mostrando cada um dos formatos de suas apresentações e toda a vitalidade dos músicos sessentões.

Quando todos imaginavam o fim da banda, devido a um câncer na garganta do baterista Charlie Watts, o vigor incansável do quarteto com ênfase nas belas letras de Jagger e Richards produz um de seus melhores álbuns de estúdio. Lançado em 2005, A Bigger Bang traz uma sonoridade crua e voltada às raízes da banda: rock and roll, blues e rhythm and blues, além das pegadas das guitarras da dupla Richards/Wood, bem como para a harmonia melodiosa de Jagger.

Em 18 de fevereiro de 2006, os Rolling Stones voltaram ao Brasil para o show da turnê A Bigger Bang. O show, realizado nas areias de Copacabana para um público estimado em 1,5 milhão de pessoas, entrou para a história como um dos maiores concertos de rock de todos os tempos.

Dois anos após a turnê A Bigger Bang, que arrecadou 437 milhões de dólares, recorde na história da música, os Stones anunciaram, em 22 de março de 2007, uma lista de novos shows pelo velho continente, que durou mais de um ano, com arrecadação de 560 milhões, novo recorde, apresentando-se para quase seis milhões de espectadores, inesgotável energia que os movia por mais de 45 anos de estrada. Em 12 de junho de 2007, foi lançado o DVD The Biggest Bang com mais de sete horas de shows.
Em 04 abril de 2008, estreou em cinemas no mundo inteiro o filme The Rolling Stones Shine a Light, dirigido por Martin Scorsese - um declarado fã da banda.
 


domingo, 14 de junho de 2015

MÚSICA: ALCEU VALENÇA



SINOS DE OURO.

Por quem os sinos dobram?
Alexis Tsipras | Atenas
Primeiro-ministro grego adverte: não é Atenas que está em jogo; aceitar imposições da oligarquia financeira equivaleria a abolir democracia na Europa


Dia 25 de janeiro, o povo grego tomou uma decisão corajosa. Ousaram desafiam a austeridade rigorosa, que era como via de mão única, e exigiram novo acordo. Vale dizer, novo acordo que permitisse à Grécia voltar ao caminho do crescimento — dentro da eurozona, e com programa econômico viável —, ao mesmo tempo em que se evitariam os erros do passado.

O povo grego já pagou um preço pesado por aqueles erros passados. Em cinco anos, o desemprego saltou para 28% (e chega a 60% entre os mais jovens), e a renda média caiu 40%, o que fez da Grécia o estado da União Europeia com o maior índice de desigualdade social, segundo números do Eurostat.

Pior que isso, mesmo com o grande dano que causou ao tecido social na Grécia, aquele programa de nada serviu para devolver competitividade à economia grega, e a dívida pública inchou, de 124 para 180% do PIB. Apesar dos grandes sacrifícios que o povo grego fez, a economia do país continua mergulhada na mesma incerteza gerada pelos objetivos irrealizáveis da doutrina dos orçamentos equilibrados. Assim, o país foi preso num círculo vicioso de austeridade e recessão.

O principal objetivo do governo grego ao longo dos últimos quatro meses tem sido pôr fim a esse círculo vicioso e a essa incerteza. Agora, mais que nunca, é necessário um acordo mutuamente benéfico que fixe objetivos realistas para o superávit orçamentário, ao mesmo tempo em que reintroduzimos um programa de desenvolvimento e investimento: uma solução definitiva para a situação grega. Sobretudo, tal acordo poria fim à crise econômica europeia que eclodiu há sete anos; e poria fim ao ciclo de incerteza na eurozona.

A Europa hoje tem capacidade para tomar as decisões que produzirão forte recuperação na economia grega e europeia, encerrando qualquer possibilidade de “Grexit” [saída da Grécia da União Europeia]. Tal possibilidade é uma barreira à estabilização de longo prazo da economia europeia, e a qualquer minuto pode derrubar a confiança de cidadãos e investidores na moeda conjunta europeia.


Mesmo assim, há quem diga que a Grécia nada estaria fazendo para ajudar a avançar nessa direção, porque chega às negociações com atitude intransigente, e sem oferecer qualquer proposta. Mas será realmente assim?

Considerando-se que o momento que atravessamos é de importância crítica, pode-se dizer, de importância histórica para o futuro da Grécia e da Europa, gostaria de oferecer o relatório correto, dando à opinião pública europeia e mundial um quadro responsável das reais intenções e posições do governo grego.
Depois da decisão de 20 de fevereiro do Eurogrupo, nosso governo apresentou inúmeras propostas de reformas, buscando um acordo que combine respeito ao veredicto do povo grego e às regras que governam o funcionamento da eurozona. Concordamos, especialmente, com superávits primários menores (o superávit orçamentário antes de pagarmos juros) para 2015 e 2016 e maiores para os anos seguintes, na expectativa de que os superávits crescerão correspondentemente às taxas de crescimento da economia grega.

Outra importante proposta foi nosso compromisso de aumentar a renda pública, aliviando a carga que pesa sobre cidadãos de baixa e média renda e aumentando-a para quem tenha renda mais alta, os quais, até agora, ainda não haviam sido convocados a arcar com a parte que lhes compete dessa crise, protegidos como sempre foram pelos dois lados: pela elite política de meu próprio país e pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), que fechou os olhos a essa evidência.

Mais do que isso, desde seu primeiro dia no poder, o novo governo mostrou suas intenções e sua determinação, ao introduzir medidas legislativas para confrontar as fraudulentas transações triangulares, e ao intensificar controles fiscais e aduaneiros para suprimir o contrabando e a evasão fiscal. Simultaneamente, pela primeira vez em muitos anos o Estado grego cobrou as dívidas jamais resgatadas de proprietários de veículos de mídia.

Que o clima está mudado na Grécia é óbvio. Prova-se também pelo fato de que as cortes aceleraram a tramitação dos processos, de modo que ações que envolvem evasão fiscal possam ser levadas mais rapidamente a julgamento. Oligarcas habituados a viver sob a proteção do sistema político têm hoje boas razões para se preocupar com as nossas medidas.

Durante as discussões com as instituições, nós não apenas expusemos nossa linha geral de marcha, mas também apresentamos propostas específicas. Cobrimos assim grande parte da distância que nos separou há alguns meses. Mais especificamente, o lado grego concordou com embarcar numa série de reformas institucionais, dentre as quais: reforçar a independência da ELSTAT (Agência Grega de Estatísticas); fazer intervenções para acelerar a administração da justiça; e intervenções nos mercados, para eliminar privilégios e distorções.

Além disso, embora nos oponhamos diametralmente ao modelo de privatização que as instituições pregam, porque não oferece nenhuma perspectiva de desenvolvimento e não transfere recursos para a economia real, mas sempre e só para o pagamento da dívida – e o qual, seja como for, não é viável –, aceitamos fazer algumas pequenas mudanças no programa das privatizações, para fazer prova de nossa intenção de caminhar na direção de uma reaproximação.

Concordamos também com fazer uma grande reforma do Imposto sobre Valor Agregado, simplificando o sistema e reforçando a dimensão redistributiva do imposto, com vistas a aumentar tanto a abrangência do imposto como as receitas.

Apresentamos propostas concretas para medidas que visar a um aumento suplementar da receita (imposto excepcional sobre os benefícios muito elevados, imposto sobre jogos de apostas online, aumento dos controles sobre grandes depositantes fraudadores, imposto especial sobre produtos de luxo, concorrência pública para concessões de radiotelevisão) que foram esquecidas, como por acaso, pela troika durante cinco anos, dentre outras ideias.

Essas medidas visam a aumentar as receitas públicas, sem contribuir para a recessão, pois não diminuem ainda mais a demanda efetiva e não impõem novos impostos e taxas sobre rendas pequenas e médias.

Nos pusemos de acordo, para empreender uma grande reforma do sistema de segurança social, com unificação dos fundos de assistência social, supressão de disposições que autorizam concessão de aposentadorias antecipadas, aumentando assim a idade mínima para aposentadoria.

Devemos ter em conta que as perdas nos fundos de assistência social, que levaram à questão de como garantir-lhes viabilidade no médio prazo, são resultado de escolhas políticas pelas quais são responsáveis os governos gregos que vieram antes de nós, e principalmente a própria troika (diminuição dos fundos de reserva das caixas em 25 bilhões de euros, em razão do “Private sector involvement” em 2012; e sobretudo a taxa de desemprego muito elevada, que se explica quase exclusivamente pelo programa de extrema ‘austeridade’ aplicado à Grécia desde 2010).

Finalmente, apesar de nosso interesse em restabelecer imediatamente as normas europeias em matéria de direito do trabalho, que foi completamente desconstruído nos últimos cinco anos, sob o pretexto da competitividade, aceitamos pôr em andamento uma reforma do mercado de trabalho, depois de consultas com o Organização Internacional do Trabalho, e por ela validada.

Não mexer mais nas aposentadorias

Levando em conta tudo o que houve antes, podemos com razão nos perguntar por que os representantes das instituições insistem em repetir que a Grécia não apresenta propostas.

Por que continuar sem fornecer liquidez monetária à economia grega, agora que a Grécia demonstrou que pode cumprir suas obrigações exteriores, com o pagamento, a partir de agosto de 2014 de mais de 17 bilhões de euros do principal e de juros (cerca de 10% de seu PIB), sem financiamento externo?
Finalmente, qual é o interesse dos que vazam para a imprensa que não estamos nem perto de qualquer acordo, quando se sabe que qualquer acordo permitirá pôr fim à incerteza política e econômica que se vê no nível europeu e mundial, que se prolonga por causa da questão grega?
A resposta não oficial e alguns é que não estamos nem próximos de um acordo porque o lado grego mantém suas posições com o objetivo de restabelecer as convenções coletivas e recusa-se a diminuir ainda mais as aposentadorias.

Quanto a esses pontos, devo dar algumas explicações: no que concerne ao primeiro, a posição da Grécia é que a legislação do trabalho deve corresponder às normas europeias e não violar de modo flagrante a legislação europeia. Não pedimos nada de mais além do que vigora nos países da zona do euro. Nesse sentido, fizemos uma declaração com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

No que concerne ao segundo ponto, o das aposentadorias, a posição do governo grego é bem argumentada e lógica. A diminuição cumulada das aposentadorias na Grécia durante os anos do Memorando alcança já de 20% a 48%: atualmente, 44,5% dos aposentados recebem aposentadoria que está abaixo do limiar de pobreza relativa e, segundo os dados da Eurostat, 23,1% dos aposentados vivem em condições de risco de miséria e de exclusão social.

Essa situação, que resulta da política do Memorando, não é tolerável, nem pela Grécia nem por nenhum outro país civilizado.

É preciso, pois falar das coisas como as coisas são: se ainda não chegamos a um acordo com nossos parceiros, não é por causa de nossa intransigência ou de posições incompreensíveis. A causa é, antes, a obsessão de alguns dos representantes das instituições, que insistem em soluções não razoáveis, mostrando-se indiferentes tanto ao resultado democrático das recentes eleições legislativas na Grécia como às posições de instituições europeias e internacionais que se dizem dispostas a demonstrar flexibilidade para respeitar o veredicto das urnas.

Por que aquela obsessão? Explicação fácil seria dizer que ela resulta da intenção de alguns representantes das instituições, interessados em encobrir o fracasso de seus programas e em conseguir, a qualquer preço, uma validação para eles. Não se pode além do mais esquecer que o FMI reconheceu publicamente, há alguns anos, que se enganou sobre os efeitos devastadores dos cortes de orçamento que foram impostos à Grécia.
Entendo que essa abordagem não basta para explicar tudo. Não creio que o futuro da Europa possa depender dessa obsessão de alguns atores.

As duas estratégias opostas da Europa

Concluo afinal que a questão grega não diz respeito exclusivamente à Grécia, mas encontra-se no centro de um conflito entre duas estratégias opostas sobre o futuro da integração europeia.

A primeira delas visa aprofundar a integração europeia num contexto de igualdade e de solidariedade entre povos e cidadãos. Os que defendem essa estratégia partem do fato de que é inadmissível forçar o novo governo grego a aplicar as mesmas políticas dos gabinetes que deixam o governo e que, além do mais, fracassaram totalmente. É isso, ou teríamos de criar leis que suprimissem as eleições em todos os países submetidos a programa de austeridade.

Seríamos assim obrigados a aceitar que os primeiros-ministros e governos fossem impostos aos diferentes países pelas instituições europeias e internacionais, e que os cidadãos seriam privados do direito que hoje têm ao voto, até a “conclusão” de cada programa de austeridade. Eles são conscientes de que isso equivaleria a abolir a democracia na Europa, e ao início de uma ruptura inadmissível no seio da União Europeia. Enfim, tudo resultaria no surgimento de um monstro tecnocrático e no afastamento, da Europa, dos seus valores fundadores.
A segunda estratégia conduz à ruptura e à divisão da zona euro, e, com isso, da União Europeia. O primeiro passo nessa direção seria a formação de uma zona do euro de duas velocidades, cujo núcleo central imporia as mais duras regras de austeridade e de ajustamento. Esse núcleo central imporia também um superministro de Finanças para a zona euro, que teria poder descomunal, com o direito de recusar orçamentos nacionais, mesmo de estados soberanos, que não estivessem conforme as doutrinas do neoliberalismo extremo.

Para todos os países que se recusassem a abrir mão desse poder, a solução seria simples e a punição, severa: aplicação obrigatória da austeridade e, mais que isso, de restrições aos movimentos de capitais, sanções disciplinares, multas e até a criação de uma moeda paralela ao euro.
É assim que o novo poder europeu procura construir-se. A Grécia é sua primeira vítima. Já é até apresentada como o mau exemplo que outros estados e povos europeus desobedientes não devem copiar.

Mas o problema fundamental é que essa segunda estratégia implica grandes riscos, que os que os que a apoiam parecem não levar em conta. Essa segunda estratégia corre o risco de ser o começo do fim, pois converte a zona euro, de união monetária, em simples zona de taxa de câmbio. Mas, mais do que isso, inicia um processo de incerteza política e econômica que poderia abalar o equilíbrio em todo o mundo ocidental, de cima abaixo.

Hoje, a Europa está numa encruzilhada. Depois das maiores concessões do governo grego, a decisão não está mais em mãos das instituições da troika – as quais, com exceção da Comissão Europeia, não têm representantes eleitos nem têm de prestar contas ao povo –, mas está em mãos dos governantes europeus.
Que estratégia predominará? A Europa da solidariedade, igualdade e democracia, ou a Europa da ruptura e, essencialmente, da divisão?
Se há quem pense, ou queira nos fazer crer, que essa questão diz respeito exclusivamente à Grécia, estão gravemente errados. É o caso de recomendar-lhes o grande trabalho de Ernest Hemingway, Por Quem os Sinos Dobram. 

*Tradução de Vila Vudu
Publicado originalmente no site Outras Palavras



domingo, 7 de junho de 2015

HISTÓRIA DA ARTE: LIBERDADE

Lisboa inaugura mostra de artista do século XVII que virou maior pintora barroca de Portugal
Marana Borges | Lisboa


Josefa de Óbidos viveu profissionalmente da pintura e fez pelo menos 130 obras, que estão expostas no Museu de Arte Antiga da capital portuguesa até setembro

Viveu profissionalmente da pintura. Foi empresária. Chegou a ingressar em um convento, mas logo saiu. Nunca se casou. Morreu com fama e riqueza consideráveis. Tudo isso no século XVII. Josefa de Ayala ergueu na pequena província portuguesa de Óbidos uma vida incomum a uma mulher de sua época, convertendo-se na maior referência do Barroco português.
Emancipada e com importantes encargos da Igreja em Portugal e na Espanha, deixou centenas de obras que hoje são conhecidas mundialmente – estão na coleção do Museu do Prado (Madri) e do Louvre (Paris). Lisboa inaugurou no Museu Nacional de Arte Antiga, no último dia 16, a maior exposição até hoje de seus trabalhos, em exibição que vai até 6 de setembro. “As obras dela mostram um domínio dos efeitos da luz, gosto pelo detalhe e uma beleza idealizada”, disse a OperaMundi Joaquim Oliveira Caetano, um dos curadores.

Ao longo de 130 obras de pintura, escultura e artes decorativas, pretende-se afastar o mito de uma artista beata e provinciana. Ao contrário, Josefa era uma mulher culta e independente. De família bastante religiosa – dois de seus irmãos eram clérigos – teve uma breve passagem por um convento, não chegando a se tornar freira. Manteve em toda sua vida, contudo, uma profunda admiração por Santa Teresa D'Ávila, a grande influência feminina do período na Península Ibérica. Diversas de suas obras a homenageiam.

A história de Josefa de Óbidos, como ficou conhecida, desafia a história da arte, que pouco ou nada diz sobre mulheres artistas. Apesar de não haver qualquer retrato ou autorretrato seu, o legado que deixou vai além de um rosto. Nascida em Sevilha em 1630, regressou cedo para a terra natal do pai, o pintor Baltazar Gomes Figueira, precursor das naturezas-mortas em Portugal, à maneira do bodegón espanhol. Trabalharam juntos no mesmo ateliê durante anos, e só passou a assinar as naturezas-mortas depois da morte do pai.

A abrangência da obra de Josefa é, porém, mais ampla. Dona de um estilo herdeiro do tenebrismo de origem mais nórdica, consagrou-se por um profundo e culto misticismo, sobretudo na fase mais madura, quando se torna uma ativa pintora de retábulos (estrutura em pedra ou madeira que se coloca na parte posterior de um altar).

Santa Teresa Esposa Mística (1672) - Óleo sobre tela. Paróquia de Cascais

Josefa também acumulou outras conquistas excepcionais. Dedicou-se em paralelo à pintura e à gravura, uma escolha pouco usual à época, além de ter sido o caso mais precoce na pintura em Portugal: aos 16 anos, já compunha obras em pequeno formato, mas de uma qualidade e riqueza de detalhes que seriam sua marca ao longo de quatro décadas de carreira.

Emancipação

Aos 30 anos e com consenso dos pais, ela adquire um estatuto de emancipação administrativa, equiparando-se a uma viúva. Até então, as mulheres estavam obrigadas a dependerem de um homem (o pai ou o marido) para efeitos de negócios. Era seu pai quem lhe comprava as chapas de cobre para pintar ou que recebia os valores da venda das gravuras, por exemplo.

A partir daí, a artista consegue grandes encargos (especialmente na região espanhola da Estremadura), compra sua própria casa, passa a viver sozinha e começa a mover-se no mundo dos negócios. Adquirem bens, terras e empresta dinheiro com juros. “Não era normal uma mulher solteira viver com completa independência, fora da casa dos pais, sem abdicar de sua profissão, e seguir a ser considerada socialmente um modelo de virtude”, salienta Caetano. Algum tempo após sua morte, aos 54 anos, já há registros de biografias escritas sobre ela.

Entre as principais obras, estão as da fase tardia, como o Menino Jesus Peregrino (1676), Santa Teresa Esposa Mística (1672) e as telas de retábulo com a Vida de Santa Teresa de Jesus, pintadas em 1672 para a Igreja Matriz de Cascais. Também ocupa lugar de destaque a vasta coleção de obras de natureza-morta, muitas das quais compôs em coautoria com o pai, o que dificulta sua identificação.




quarta-feira, 3 de junho de 2015

O CORTE PERFEITO: SENSUALIDADE E ARTE



USP pesquisa preferência de homens e mulheres sobre depilação feminina
Estudo vai traçar perfil de mulheres e avaliar relação com opinião masculina.
Objetivo é análise a respeito de aspectos clínicos e comportamentais.
Fernanda Testa Do G1 Ribeirão e Franca





O que a escolha do tipo de depilação genital pode revelar sobre a saúde e o comportamento da mulher? Uma pesquisa desenvolvida pelo Ambulatório de Estudos em Sexualidade Humana (AESH), no campus da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto (SP), quer trazer a resposta para esse tipo de questão.

Por meio de um questionário disponível na internet, pesquisadores da universidade pretendem traçar o perfil de homens e mulheres em relação à preferência do tipo de depilação, e analisar se tal escolha, no caso das mulheres, exerce algum tipo de influência no comportamento sexual e em eventuais sintomas clínicos.

O estudo
Segundo a pesquisadora Maria Luiza Prudente de Oliveira, o estudo surgiu a partir da observação de que a depilação genital é uma prática cada vez mais comum entre mulheres.
"Hoje em dia quase todas as mulheres fazem depilação. A tendência estética, a crença na melhoria da higiene genital ou a preferência masculina parecem influenciar essa prática. Queríamos saber qual a motivação, e concomitantemente, a gente pensou em saber se a preferência masculina responde um pouco a isso", explica.

No questionário, disponível desde maio na internet, as mulheres respondem a 22 questões sobre orientação sexual, tipo de depilação preferido, frequência e satisfação sexual, entre outras. Já os homens respondem a 12 perguntas, também presentes na lista feminina. "Perguntas referentes à técnica de depilação, local e método contraceptivo utilizado foram feitas só para as mulheres", afirma Maria Luiza.

“A tendência estética, a crença na melhoria da higiene genital ou a preferência masculina parecem influenciar a prática da depilação"
Maria Luiza de Oliveira, autora da pesquisa.

Não é preciso se identificar para responder as questões e as perguntas ficarão disponíveis na web por seis meses. O objetivo, segundo Maria Luiza, é conseguir ao menos mil homens e mil mulheres para então iniciar a análise dos dados.

"Queremos observar, por exemplo, se existe correlação entre grau de escolaridade, idade, orientação sexual, tipo de relacionamento. E analisar também a função sexual, tanto dos homens quanto das mulheres. O que é esperado como hipótese do trabalho é que exista uma confluência entre a preferência masculina e feminina", diz.

Saúde
Outro aspecto a ser analisado é a possível relação entre saúde e depilação. Segundo a pesquisadora, não há muitos estudos científicos sobre o tema. "Existem várias hipóteses de que o pelo é proteção, ou de que em compensação, pelo demais, em um ambiente tropical, prejudica a ventilação. Acreditamos que os resultados dos questionários nos mostrem que há certa diferença, dependendo do tipo de depilação, para a parte clínica", explica.

O grande diferencial esperado na análise dos questionários diz respeito à idade dos participantes. De acordo com Maria Luiza, é possível que a diferença de idade influencie no gosto pela depilação. "A curiosidade é: homens mais jovens, da geração filme pornô, preferem mulheres completamente depiladas? Porque é isso que aparece nos filmes. E homens mais velhos, preferem a mulher parcialmente depilada, já que na época deles a sexualidade era uma coisa mais velada?", questiona.


Na prática
Nos salões de beleza, quem trabalha diretamente com estética é categórico ao dizer que a idade é um dos fatores que mais influenciam no tipo de depilação adotada. Segundo a esteticista Thaís Amorim Ferreira, de 23 anos, mulheres mais jovens preferem a depilação completa, enquanto as mais maduras optam por retirar menos pelos.

"Mulheres até uns 25, 30 anos, costumam tirar tudo. Não deixam um pelo sequer. Já as senhoras tiram bem pouquinho, só a virilha simples. É muito raro uma senhora pedir para tirar tudo. Uma vez fiz depilação completa em uma delas e ela estranhou porque nunca tinha tirado, achou aquilo vulgar. Elas são mais recatadas", conta.

O comportamento da mulher foi mudando ao longo do tempo. A depilação ficou mais ousada"
Iraci Aparecida Reis, esteticista

Questões de higiene e preferência do parceiro também contam na hora da escolha da depilação, segundo Thaís. "As meninas novas dizem que preferem depilar tudo porque acham mais higiênico, não gostam de pelo quando menstruam. Outras já fazem para agradar o parceiro. Dizem, por exemplo: ai, ele gosta que fica um fiozinho, eu já não gosto. Mas acabam fazendo por eles também", diz.

Há mais de 20 anos no ramo, a esteticista Iraci Aparecida Faustino dos Reis, de 35 anos, também atribui a mudança nos tipos de depilação ao lugar que a mulher ocupa atualmente na sociedade. "O comportamento da mulher foi mudando ao longo do tempo. A depilação ficou mais ousada. Antigamente tirava-se só por conta do biquíni. Hoje é mais por higiene, preferência com o parceiro. Evoluiu bastante", afirma.