domingo, 27 de julho de 2014

DESUMANOS


Postado em 24 jul 2014




Judith Butler já foi chamada de praticamente tudo — idiota útil, sapatona desesperada por atenção, apoiadora do terrorismo. Mas a ofensa clássica é “self hating jew” (judia que se odeia).
Americana de origem judaica, ex-professora de Retórica e Literatura Comparada na Universidade de Berkeley, na Califórnia, autora de vários livros,  feminista, antisionista, ela é inimiga pública da direita israelense por sua crítica da política de Israel no Oriente Médio e por ser vista como uma traidora.
Judith é integrante do movimento Boycott, Divestment and Sanctions (Boicote, Desinvestimento e Sanções). Há dois anos, ganhou o prestigiado prêmio Theodor W. Adorno e apanhou pesado. O jornal “Jerusalem Post” — o mesmo que publicou a entrevista com o ministro das relações exteriores de Israel classificando o Brasil de anão diplomático — deu um artigo assinado por intelectuais e políticos chamando-a, entre outras gentilezas, de antissemita.
Foi acusada também de defender o Hamas e o Hezbollah numa palestra — o que ela nega. Suas palestras nos EUA costumam acabar em confusão por causa de protestos.
Butler, cuja família do lado materno morreu num campo de concentração na Hungria, responde que é “doloroso alguém argumentar que quem formula críticas ao Estado de Israel seja antissemita ou, se judeu, autodesprezado.”
Em 2012, ela lançou “Parting Ways: Jewishness and the Critique of Zionism” (“Caminhos Partidos: Judaísmo e Crítica do Sionismo”), em que defendeu o binacionalismo em Israel. Para ela, a relação com o outro está no coração do que significa ser judeu: “Qualquer coabitação genuína necessita de uma mudança pessoal e social no tratamento de populações marginalizadas”, diz.
Sem romantismo, porém. “As pessoas que esperam que inimizade se transforme em amor de repente estão, provavelmente, usando o modelo errado. Vivermos uns com os outros pode ser infeliz, miserável, ambivalente, cheio até de antagonismo, mas não se pode recorrer à expulsão ou ao genocídio. Essa é a nossa obrigação.”
Em suas palestras, ela enfatiza o desconforto de ser uma judia que não se sente representada pelo estado de Israel. “Alguns políticos israelenses têm proposto a transferência de palestinos para fora do que é atualmente chamado Israel, para a Jordânia ou outros países árabes, segundo a idéia de que não haveria miscigenação de palestinos e judeus israelenses ou palestinos e comunidades judaicas”, afirma.
“Mas a segregação absoluta eu acho lamentável. Da mesma forma, há aquele famoso apelo do Hamas para empurrar os israelenses no mar. Agora, eu diria que a maioria dos políticos palestinos acreditam que não é isso que eles querem, e mesmo dentro do Hamas há alguma discussão sobre essa afirmação. Até que ela seja removida isso ainda será nocivo”.



Judith Butler

“Acho que o que Hannah Arendt quis dizer quando falou que ‘não podemos escolher com quem convivemos no mundo’ é que todos aqueles que habitam o mundo têm o direito de estar aqui, em virtude de já estarem aqui. O ponto dela é que o genocídio não é uma opção legítima. Não é ok decidir que uma população inteira não tem o direito de viver no mundo. Não importa se essas relações são muito próximas ou muito distantes, não há direito de expurgar uma população ou rebaixar sua humanidade básica.”
Em sua opinião, existe uma saída em Israel. “Primeiro, é preciso estabelecer uma base constitucional sólida para a igualdade de todos os cidadãos, independentemente de qual possa ser que a sua religião, sua etnia ou raça”.
Depois, “é preciso acabar com a ocupação, que é ilegal e uma extensão de um projeto colonial”. Finalmente, ela propõe o direito de retorno, segundo o qual os palestinos sejam indenizados ou retornem, não necessariamente para as casas em que moravam”.
Judith Butler admite que talvez proponha uma utopia. Mas essa á função da filosofia: “Elevar os princípios que parecem impossíveis, ou que têm o status de impossíveis, insistir neles e reforçá-los, mesmo quando parece altamente improváveis. O que aconteceria se vivêssemos num mundo em que ninguém fizesse isso? Seria um mundo mais pobre”.


quinta-feira, 24 de julho de 2014

IDH?

IDH: Cidadania não é ter educação e saúde. É poder comprar TV LED de 60″
Leonardo Sakamoto
24/07/2014 11:34
Você comprou uma TV LED de 60 polegadas e, por isso, sente-se – finalmente – no mesmo patamar dos seus vizinhos que já tinham uma em casa. Consegue se enxergar como um cidadão como nunca antes. Mas está endividado por ter que pagar o plano de saúde mequetrefe que te deixa na mão (porque subiu um pouco na vida, não é mais “pobre'' e não quer enfrentar a fila do SUS).
E, ao mesmo tempo, com a corda no pescoço pela dívida contraída com a sua faculdade caça-níqueis de qualidade duvidosa (educação básica universalizou, mas a qualidade não acompanhou). Afinal, você não tinha dinheiro para pagar um colégio particular e, portanto, não conseguiu entrar em uma universidade pública para fazer aquele sonhado curso de medicina.
Você acredita que qualidade de vida significa apenas ter acesso a eletrodomésticos, carros populares e iogurte?
De acordo com relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), nesta quinta (24), o Índice de Desenvolvimento Humano Brasil subiu (0,744) e superou a média da América Latina e Caribe. Mas o país ainda ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. A desigualdade de renda e de oportunidades ainda impedem que avancemos mais rapidamente no acesso à saúde e à educação de qualidade – elementos considerados na construção do indicador.
Fazemos parte do seleto grupo de países ricos com altíssima concentração de riqueza e respeito insuficiente aos direitos humanos. Situação que não vai mudar tão cedo, tendo em vista que a estrutura que a sustenta muda muito lentamente. Não importa o quão forte torturemos os números, fazendo leituras descontextualizadas, para acelerar o processo.
Na média, o Brasil é um país rico. O problema é que ele continua na mão de poucos: a) O PIB sobe (mesmo que menos que o esperado) e fluiu mais para as mãos dos que puderam comprar ações do que daqueles que dependeram de salário mínimo ou de programas de distribuição de renda; b) A educação está sendo universalizada – contudo a extensão de sua abrangência não é acompanhada pela sua qualidade, nem de longe; c) Vive-se mais, mas não necessariamente melhor. Posso debater com quem discorda disso na fila de um hospital público enquanto aguardamos uma consultinha.
Quando tratamos do tema por essa ótica, sempre aparece a cantilena que “a população tem que entender que o crescimento vai beneficiar a todos. Não agora. Em algum momento''. Os economistas da ditadura falavam a mesma coisa, mas de uma forma diferente, algo como “é preciso primeiro fazer o bolo crescer, para depois distribui-lo''. Por isso, apesar de você ter ajudado a produzir o doce tira a mão dele que não é hora de você consumi-lo. Hoje, são alguns que vão comer. Vai chegar a sua vez de provar do bom e do melhor. Algum dia.
Considerando que a desigualdade social por aqui, que cai ano a ano, continua uma das altas do mundo, percebe-se o tipo de resultado dessa fórmula. O melhor de tudo é o tom professoral (“A população tem que entender''), como se o especialista fosse um ser iluminado, dirigindo-se para o povo, bruto e rude para explicar que aquilo que sentem não é fome. Mas sim sua contribuição com a geração de um superávit primário para que sejam honrados os compromissos do país. Agora, fazer uma auditoria da dívida brasileira que é bom, governo nenhum, tucano ou petista, topou fazer.
O debate sobre desenvolvimento é uma discussão sobre a qualidade de vida. Que só será efetivo caso não exclua a população mais pobre dos benefícios trazidos por ele e não seja resultado da dilapidação dessa mesma população. A pergunta que temos que fazer é: estamos conseguindo dividir o bolo, não por igual, mas com ênfase em quem mais precisa por ter sido historicamente dilapidado?
Estamos conseguindo diminuir a concentração de renda na maior velocidade possível ou poderíamos ir além e implementar medidas para que não apenas os filhos dos mais pobres usufruam de uma boa vida em um futuro distante, mas eles próprios, aqui e agora? Pois esse é o tipo de situação em que não dá para perder peões a fim de ganhar o jogo.

Você se importa com tudo isso ou se preocupa apenas em comprar um home theater para a sua TV nova?

PERCUSSÃO: MÚSICA.

Salvador será sede durante 3 dias do maior festival de percussão do País
Festival acontece de 25 a 27 de julho e entra para o calendário cultural da cidade
24/07/2014 - 11:07 Bahia ig
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O PercPan, maior festival de música percussiva do país (e um dos maiores do mundo), volta a se fixar em Salvador, agora como parte do calendário oficial da capital baiana.
Durante os dias 25, 26 e 27 de julho, a vigésima edição do evento vai receber no Terreiro de Jesus, no Centro Histórico de Salvador, cerca de 25 atrações nacionais e internacionais, em apresentações gratuitas.
A primeira noite será dedicada às relações entre Percussão - Voz, Corpo e Palavra, quando os ritmos e timbres tomam o corpo e a voz como instrumento, e quando a palavra é entoada com ênfase na sua dimensão rítmica. Já a segunda acolherá oPanorama Percussivo Feminino, apresentando o exuberante quadro atual de músicas percussivas feitas por mulheres.
O mote da terceira e última noite é Das Matrizes às Batidas Contemporâneas: o cruzamento entre matrizes rítmicas tradicionais, com ênfase no candomblé, e formas que elas assumem em gêneros de ponta da música contemporânea, especialmente o rap e o funk. 
Com a proposta de mostrar ao público brasileiro uma combinação do que há de mais relevante no mundo da percussão, o PercPan é hoje referência no gênero. Nos seus 19 anos de existência, o festival promoveu mais de seis mil horas corridas de música, produzidas por cerca de 300 atrações nacionais e internacionais, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Naná Vasconcellos, Arnaldo Antunes, Beirut, Sly and Robbie, Rita Marley, Savion Glover e Hypnotic Brass Ensemble.
O PercPan é o primeiro festival do mundo dedicado exclusivamente à música percussiva. 
Anote
25/julho (sexta-feira): Percussão - Voz, Corpo e Palavra
Horário: a partir das 20h
-- Banda de Boca (Bahia)
-- Barbatuques (São Paulo)
-- Vocal Sampling (Cuba)
-- Mano Brown (São Paulo)

26/julho (sábado): Panorama Percussivo Feminino
Horário: a partir das 20h
-- As Ganhadeiras de Itapuã (Bahia)
-- Leilía (Galícia, Espanha)
-- Sayon Bamba (Guiné Conacri, África)
-- Orquestra Obìnrin part. Mônica Millet (Bahia) e DJ Lisa Bueno (SP)
-- Banda Didá (Bahia)
-- Margareth Menezes (Bahia)

27/julho (domingo): Das Matrizes às Batidas Contemporâneas
Horário: a partir das 19h
-- Aguidavi do Jeje (Bahia)
-- Marcio Victor & Samba Chula de São Braz (Bahia)
-- Percussivo Mundo Novo (Bahia)
-- Gabi Guedes (Bahia) e Dj Cia (São Paulo) convidam: Opanijé, Nelson Maca (part. Jorjão Bafafé e João Teoria), Simples Rap'ortagem. Part. especial Preto Nando (MA), Zé Brown (PE), Kalyne Lima (PB).
-- Marcelo D2 (Rio de Janeiro)


segunda-feira, 21 de julho de 2014

PROFESSOR - SALA DE AULA

Trabalhos dos alunos da escola Municipal Severino Bezerra de Melo em que trabalho. Aula de Ensino de Arte - Textura.









PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA


Eleição 2014 »
Perfil do candidato Rui Costa Pimenta, do PCO
O jornalista paulista Rui Costa Pimenta disputa o cargo de presidente da República pelo Partido da Causa Operária (PCO) pela quarta vez. O bancário Ricardo Machado completa a chapa, como vice-presidente. O partido não fez coligação com nenhuma legenda.

O presidente nacional do PCO e editor do jornal Causa Operária tem 57 anos e começou a vida política com a militância estudantil contra a ditadura militar. Depois desse período, Rui Costa Pimenta entrou na luta sindical e começou a trilhar o caminho da política partidária. Em 1980, ingressou no movimento Tendência Causa Operária e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1985, retornou à vida sindical e foi eleito diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na Grande São Paulo.

Divergências com a direção petista levaram Rui Costa Pimenta e outros militantes da causa operária a romper com o PT em 1992. Em 1995, Pimenta encabeça a criação do PCO. Pela legenda, Pimenta se candidatou a vereador, em 1996, deputado federal, em 1998, e prefeito de São Paulo, em 2000.

Segundo o programa de governo, o partido decidiu participar do processo eleitoral deste ano para defender “um programa revolucionário e socialista em oposição a todos os demais candidatos e seus programas burgueses e de defesa do capitalismo, lançando candidatos que sejam a expressão da luta do povo, em particular da luta operária, às eleições em todos os níveis e em todos os lugares, de deputados à Presidência da República”. O lema da campanha é a defesa da “Revolução, do governo operário e do socialismo”.

Entre os pontos centrais do programa estão a proposta de salário mínimo de R$ 3,5 mil, a jornada máxima de trabalho de 35 horas semanais, a isenção de pagamento de todos os serviços públicos para os desempregados, um imposto único sobre o capital e as grandes fortunas, o fim da repressão aos sem-terra e a expropriação do latifúndio.

O PCO também defende a dissolução das polícias militares, a descriminalização do aborto, a implantação de creches públicas em todo o país, a estatização das escolas particulares e das grandes empresas privadas do setor cultural, a garantia da posse de terras aos remanescentes de quilombos, além da defesa das culturas negra e indígena.

(com Agência Brasil)

ESTILINGUE X CANHÃO

“Guerra” entre israelenses e palestinos? A palavra certa é “massacre”
Leonardo Sakamoto
11/07/2014 17:41

Mais de 100 palestinos teriam sido mortos e outros 700 feridos, pelo Exército israelense, na faixa de Gaza, por conta da ação “Limite Protetor'', na atual escalada de violência – que começou após o sequestro e morte de jovens israelenses e palestinos.
As Nações Unidas definiram a situação como “uma emergência humanitária crescente''. A maior parte dos alvos têm sido civis, incluindo casas em áreas povoadas. Ao mesmo tempo, o lançamento de foguetes de militantes do Hamas feriram moradores de Israel, alguns em estado grave, mas sem registros de mortos até o momento em que este texto foi postado.
Número de mortes não deveriam ser comparadas, pois a dor não é algo mensurável. Mas isso serve para ranquear nossa ignorância e estupidez. Se esses mais de 100 mortos ocorressem durante uma ação violenta da polícia carioca ou paulista junto a favelas, mesmo as classes mais abastadas (muitas vezes lenientes com a morte dos mais pobres) já teriam chamado a situação de chacina ou massacre. Nesse caso, contudo, muitos de nós relutamos em falar em banho de sangue.
Podemos chamar de guerra, batalha ou confronto quando um dos lados é tão superior militarmente ao outro, fato que se traduz na contagem de corpos, como no caso dos ataques israelenses? É normal considerar como “dano colateral” a morte de civis em confronto? Por que não montamos um telão de LED gigante, diante da sede das ONU, em Nova Iorque, mostrando – em tempo real – quantos anos o Exército israelense está roubando do futuro dos palestinos, tornando real a promessa de Eli Yishai, então ministro do Interior, de que o país pretendia “mandar Gaza de volta à Idade Média''?
Concordo quando dizem que não há crise humanitária em Gaza, aquela pequena faixa de terra entre Israel e o Egito ocupada por palestinos. Crise humanitária existia antes do bloqueio decretado por Israel devido à eleição do Hamas e ao lançamento de foguetes contra seu território anos atrás. Hoje, o que há é algo próximo ao que ficou conhecido como campo de concentração.
Em 2010, uma pequena frota de barcos com ativistas tentava amenizar, levando produtos de primeira necessidade, quando foi atacada pelas forças armadas israelenses, resultando em, ao menos, dez mortos e mais de 30 feridos. Ah, é claro, os barcos também levavam armas de destruição em massa, como estilingues e bastões, com os quais os pobres soldados, armados de simples metralhadoras, foram atacados ao abordá-los. As forças israelenses quase não resistiram às terríveis rajadas de bolas de gude, mais letais que as terríveis pedras lançadas manualmente por palestinos nos protestos em terra.
Presenciamos um massacre unilateral e não uma guerra – civis, inclusive jovens e crianças, morreram desde o início da última operação miliar contra Gaza. E tendo em vista sua intensidade e forma, o que estamos presenciando soa como (mais uma etapa de) genocídio do que conflito. Guerra é inadequado, terrorismo de Estado seria melhor. E isso não sou eu quem diz, mas há milhares de israelenses que protestam contra a ação militar do seu próprio governo.
Se de um lado, estúpidos extremistas palestinos não aceitam a existência de Israel, do outro estúpidos extremistas israelenses reivindicam Gaza e Cisjordânia como parte de seu território histórico. Para estes, árabes em geral são bem aceitos no seu território, desde que sirvam para mão de obra barata. A diferença entre esses dois grupos é que Israel tem poder de fogo para levar esse intento adiante, enquanto o outro lado não.
O certo é que o islamismo radical vai ficando mais forte do que antes. E o Hamas não é o verdadeiro problema nessa equação, há outros grupos mais radicais que não obedecem a sua autoridade. Mesmo que a maioria dos seus líderes morram, surgirão outros, lembrando que as condições de vida em Gaza são uma tragédia, com crianças revoltadas diante de tanta violência social e física, prontas para serem cooptadas por grupos fundamentalistas.
Os dois lados devem parar, mas é estúpido dizer que há um conflito com partes iguais e responsabilidades iguais. Israel acha que vai conseguir controlar os ataques contra seu território com mais porrada? Aliás, será que o governo de lá esquece que foi ele mesmo quem, historicamente, contribuiu com essa situação?
Portanto, caso queira seguir essa política que adotou até agora, não é à Idade Média que Israel terá que mandar Gaza para se sentir segura e sim extirpar um povo do mapa.
O tempo passa, os papeis se invertem.
Quais as chances de jovens que vêem seus pais, irmãs, namoradas serem mortos hoje não tentarem vingar suas mortes amanhã?

Nenhuma.

PARADOXO - (IN) JUSTIÇA

A greve dos professores chegou a seu fim, MAS A LUTA CONTINUA! 


Imediatamente após o termino da assembleia, os diretores do Núcleo Sindical com mais alguns membros da categoria e o representante do SINTE-RN Francisco de Assis, se dirigiram até a Secretaria de Administração e acordaram que o retorno das aulas acontecerá a partir do dia 21/07/2014, não será descontado os dias paralisados dos professores que aderiram ao movimento e que os dias de reposição serão definidos entre a Secretaria Municipal de Educação  e o Núcleo Sindical. Também ficou acordado uma reunião para a próxima terça-feira, 22/07/2014, às 09h, na sede da Prefeitura Municipal para novas negociações sobre as reivindicações da categoria.
Mesmo que não tenhamos conseguido, por enquanto, atingir os objetivos principais, a categoria deve se sentir vitoriosa por não fragilizar diante das ameaças cotidianas que vinha sofrendo.
Neste momento algumas interrogações pairam no ar: 

Como o Poder Judiciário julgou tão rápido a negativa do 1/3 de hora-atividade impetrado pela Prefeitura de São José de Mipibu, mas não julga com a mesma celeridade os 11% (onze porcento) de defasagem do Piso Salarial Nacional do Magistério que está desde 2012 para ser julgado?

A greve deixou de ser um instrumento legal? Aprendemos nos livros de história que todas as conquistas da classe trabalhadora nunca estiveram estabelecidos em leis antes que ocorresse movimentos prévios exigindo sua criação.

Os juízes agora acreditam que se o direito não estiver expresso em lei, (que não é o caso do 1/3 de hora-atividade garantido na Lei Federal nº 11.738/2008), não pode existir movimento paredista para sua conquista? Imaginem se esse entendimento prevalecesse no período da escravidão? Ainda estaríamos com pelourinhos nos centros das praças públicas!

Parabéns a classe valorosa e vitoriosa dos professores pela boa luta travada nas ruas, mentes e corações do povo mipibuense!

São José de Mipibu, 18 de julho de 2014.



Núcleo Sindical SJM - Sinte/RN


quarta-feira, 16 de julho de 2014

GREVE CONTINUA: SÃO JOSÉ DE MIPIBU - RN - BRASIL

quarta-feira, 16 de julho de 2014
A greve dos professores mipibuenses continua até que a gestão apresente, por escrito, a proposta que tem para a categoria. Essa foi a decisão da assembleia realizada hoje, 16/07/2014, na Escola Municipal Profº Severino Bezerra de Melo, e que logo após seu término, foi comunicada à gestão municipal.

Os dois últimos dias foram de intensas articulações dos dirigentes sindicais com o objetivo de sensibilizar a gestão municipal para que essa saísse do imobilismo e reabrisse os canais de negociação com a categoria. Após várias mobilizações de rua, visitas as escolas, reuniões junto a comunidade escolar, a gestão sentou novamente, hoje, com membros do sindicato. Na oportunidade, foi apresentado a proposta de selecionar 01 (um) dia, semanalmente, para que o professor faça o seu planejamento, articule com a comunidade, se qualifique e desenvolva outros encargos curriculares de acordo com a proposta pedagógica e as diretrizes educacionais da Secretaria Municipal de Educação.

Sabemos que a gestão tem uma proposta, posto que no dia 07/07//2014 alguns pontos foram apresentados verbalmente aos membros da Comando de Greve, mas essa deve ser apresentada por escrito para deliberação da categoria. A categoria não faz a greve, pela greve, mas é imprescindível que a proposta nos seja integre, pois só nos debruçando sobre ela, poderemos refletir e deliberarmos.

A próxima assembleia da categoria está marcada para a próxima sexta-feira, 18/07/2014, às 8h, na Escola Municipal Profº Severino Bezerra de Melo.



COORDENAÇÃO DO NÚCLEO SINDICAL
SINTE-RN


sexta-feira, 4 de julho de 2014

ESTÉTICA

Maquiagem não é uma arte. É o possível
Publicação: 22 de Junho de 2014
3porquatro - Por Anna Ruth Dantas 

Marcos Costa é apontado como um dos grandes referenciais da maquiagem no país. Mas já nos primeiros minutos de conversa é possível observar que maior do que a beleza produzida por ele a partir das maquiagens é o próprio belo desse profissional que se mostra uma pessoa muito simples e cativante

Edu Delfim


Marcos Costa valoriza a beleza para diferentes públicos, desde a mulher que domina o assunto até aquela que não tem tanta prática com os pincéis

Marcos Costa evita rótulos, define-se como um “prestador de serviço” e já emenda dizendo que “maquiagem não é arte, é o possível”.

Pelas mãos de Marcos já passaram grandes estrelas como Gisele Bundchen, Ana Hickman e diversos outros artistas. Mas a fama não encanta o maquiador, que se tornou o primeiro brasileiro a ministrar um curso de automaquiagem para cegos.

Quando fala sobre o assunto, a expressão de Marcos Costa ganha um novo brilho, reflexo desse trabalho importante, de valorização feito com os cegos.

“Só precisa ter amor”, diz Marcos Costa ao falar sobre o curso para as meninas cegas.

Autor de dois livros, o maquiador afirma que as obras são uma forma de oxigenar o cérebro.

E por falar em oxigenar, conversar com Marcos Costa é abrir também uma nova perspectiva, não apenas da maquiagem, mas também observar de como esse trabalho envolve diversas outras variáveis, como a própria personalidade da pessoa que vai se maquiar.

Quando questionado o que é fundamental para uma maquiagem, ele responde de pronto: “conhecer a pessoa”.
Marcos Costa é daquelas pessoas que cativam pela atenção e carisma transmitidos ao espectador.

O nosso convidado de hoje fala de maquiagem, mas, fundamentalmente, traz lições sobre gente, mostrando-se uma pessoa simples e de grande carisma.

Com vocês, Marcos Costa:

O que foi determinante para você se tornar esse referencial na maquiagem no Brasil?
Primeiro muito obrigada pelo elogio. Costumo falar que eu sou um prestador de serviço. Eu sou uma pessoa que trabalha com beleza de segunda a segunda, praticamente. Eu tirei férias este ano, no começo do ano, estava há dois anos sem tirar férias. Essa coisa do ícone, da celebridade, isso não existe para mim. Maquiagem para mim não é arte, maquiagem é possível. Eu brinco, ontem mesmo uma amiga me ligou, e disse que tinha uma pessoa com muita vontade de me conhecer, mas a pessoa tinha vergonha de falar comigo. E logo eu respondi: sou como outro qualquer, pego ônibus, metrô, vou no restaurante de quilo. Eu fico lisonjeado, mas eu sou muito pé no chão. Isso não existe (a celebridade). Eu sou uma pessoa muito normal, trabalho muito, não tenho preguiça para nada. Minha vida é família, amigos e trabalho. Nessa ordem.

Com essa simplicidade que você demonstra de pronto, há um choque com as pessoas que você maquia, que são mulheres muito famosas?
Eu não deixo essa coisa me impregnar, eu não sou celebridade. Sou um profissional de beleza.

Mas você se com o que você vê no seu trabalho, na pessoa que você maquia que, as vezes, guarda uma aura de celebridade?
Eu não dou importância. Acho que a gente tem que entender as pessoas um pouco também. Acho que essa coisa de ser simples, a melhor coisa que define a minha personalidade é que eu sou um cara que gosto de viver a vida. Eu amo o Rio Grande do Norte. As vezes pego o avião quietinho e venho para São Miguel do Gostoso. Eu falo muito de São Miguel do Gostoso para algumas pessoas, porque essas jóias (de lugares) você não pode falar para qualquer um.

Em que seu trabalho na maquiagem se diferencia dos demais apresentados?
Uma editora de beleza da Elle, uma vez, me deu um adjetivo que eu fiquei muito feliz. Ela disse que eu sou um profissional versátil. Eu fiquei muito feliz com esse elogio porque é pesado (o elogio). Ela disse que eu consigo fazer coisas modernas, mas eu vou lá e ministro curso de automaquiagem para cegos, sou primeiro maquiador que faz isso. Faço as minhas senhorinhas, minhas clientes, minhas amigas e pronto. Então eu fico muito feliz com e-mails que recebo de pessoas que querem se tornar profissionais ou de fotógrafos que querem trabalhar comigo. É muito bacana. É muito reconhecimento.

Você se tornou o primeiro maquiador brasileiro a ensinar automaquiagem para cegos. Complicado não?
Só precisa ter amor. Eu dou curso de maquiagem há anos. Aí uma pessoa descobriu que um dos diferenciais do meu trabalho é usar os dedos. E as meninas cegas têm muita dificuldade com o pincel e foi aí que comecei o curso para os cegos.

Você usou a expressão, no início dessa entrevista, que faz a maquiagem “possível”. 
As pessoas tem um negócio de falar que maquiagem é arte, é coisa de artista. Isso afasta muito a mulher do maquiador e da maquiagem. Você tem que falar para mulher que uma base que ela aplica, um negocinho que coloca no olho, já vai ficar em ordem. Não precisa achar que maquiagem é coisa de artista. Maquiagem é possível. Qualquer pessoa pode usar uma maquiagem, até mesmo morando em Natal que é um calor maravilhoso.


A maquiagem transforma?
Valoriza. A maquiagem do dia-dia, que você usa para ir a uma festa, para trabalhar, ela (a maquiagem) valoriza seus traços, sua personalidade, seu estado de espírito. Na verdade, maquiagem, para mim, é antes de tudo personalidade, estado de espírito e traços fisionômicos.

O que é essencial para você maquiar?
Te conhecer. Hoje em dia é muito fácil, a brasileira hoje em dia tem muito mais opinião, muito mais do que antes. Ela sabe o que quer. Nem sempre o que está na passarela e na novela das nove ela quer.

Qual a parte do rosto que é essencial maquiar, quer seja dia ou quer seja noite?
Essa pergunta é maravilhosa. Para mim, a preparação da pele é o mais importante da maquiagem, que é onde você usa base, corretivo e pó. Se você usa somente um, os dois ou os três. Se você está com a pele bem preparada já é meio caminho andado, você está com 60% da sua maquiagem pronta.

Existe segredo na maquiagem?
Existem vários. O primeiro é se conhecer, saber o que você quer, cuidado com modismos, cuidado com excessos, principalmente se você não tem tanta prática com a maquiagem e também quem tem prática com a maquiagem erra. A gente erra também. Tem vários segredos.

E quais são os erros cruciais na maquiagem?
Carregar muito na pele, usar o lápis muito marcado sozinho na pálpebra inferior, usar o contorno de boca muito saliente, usar coisas muito carregadas sem muito propósito.

Existe moda na maquiagem?
A  maquiagem é um dos complementos de moda. Eu não sigo moda na maquiagem. Enquanto o mundo está falando que é nude eu estou fazendo colorido. Enquanto o mundo fala que é preto, estou fazendo nude. A maquiagem é você usar aquilo que combina com você. Você até pode dar umas pitadas de moda na sua maquiagem, mas pensando que você vai tirar uma foto e daqui a dez anos você tem que olhar para essa foto e se sentir bem. Tem muita gente que tem vergonha da foto.

Há um mito no Brasil de que o produto importado impera na maquiagem?
Esse mito a gente já quebrou com natura Una. É a primeira linha brasileira primel. A gente está trazendo lançamentos incríveis. Nem tudo que é gringo é bom. A gente não usa substâncias cancerígenas, a gente não testa em animais, a gente não usa carmim. É uma empresa genuinamente brasileira. Aliás, tem vários nordestinos que trabalham nela. Algumas coisas a gente faz lá fora, a maioria faz no Brasil, usa a diversidade brasileira, usa ceramidas de maracujá nos batons, fazemos bases elogiadas por gringos.

Qual a mulher mais difícil para ser maquiada?
Para um maquiador nada pode ser difícil. Tem uma coisa que sempre falam: dizem essa mulher é linda, é fácil deixá-la bonita. Quando você faz uma maquiagem em uma mulher perfeita, o risco de você errar é maior. Tem mulheres lindas que ficam feias maquiadas.

Você aposta nos produtos de rejuvenescimento na pele?
A indústria cosmética é muito forte, muito poderosa. Aposto sim. Mas nada adianta se você não tiver uma alimentação equilibrada, se não tiver uma vida razoavelmente sem estresse, se não tomar muita água, se não se droga, se você não bebe, não fuma. Tratamento é muito importante, mas ele não é sozinho. Maquiagem depende do tratamento. Os produtos além de embelezar mantém a hidratação da pele. A maquiagem depende de um bom tratamento e um bom dermatologista. E um bom tratamento e um bom dermatologista depende do seu equilíbrio, da sua alimentação.

E a cor da maquiagem? Como escolher a cor?
As meninas que passaram dos 15 anos (as senhoras de 70 ou 80 anos) adquiriram o direito de fazer qualquer coisa. Quem disse que uma menina com mais de 70 anos não pode usar olho preto? É a personalidade, é o tipo físico.

O que você busca com seus livros (ele já lançou dois livros)?
Oxigenar meu cérebro. Terapia. E, principalmente, aproximar mais ainda a maquiagem das mulheres. O segundo livro foi dividido em três partes. Há minhas viagens, minhas criações para desfiles e ensaios.

Bate e volta:
Qual a cor que você não erra: rosa
A mulher mais difícil para maquiar: insegura
A mulher mais fácil para maquiar: segura

Marcos Costa começou sua carreira aos 16 anos, como assistente de cabeleireiro em Goiânia, onde nasceu. É o maquiador oficial da Natura, já trabalhou na Europa e Estados Unidos. Participa dos principais eventos e editoriais de moda do país, como o SPFW. Vários artistas passam ou já passaram por suas mãos, entre eles, Gisele Bundchen, Fábio Assunção, Ana Hickman, Letícia Sabatella e Toni Garrido, entre outros. Seu diferencial é valorizar a beleza para diferentes públicos, desde a mulher que domina o assunto até aquela que não tem tanta prática com os pincéis. Percursor de oficinas de maquiagem, cursos personalizados e consultoria de beleza para mulheres de todo o Brasil. Em 2006 lançou o livro “Eu amo maquiagem”, esgotado em apenas quatro semanas, onde são modelos negras que abrem e fecham a publicação, ocupando lugar de destaque que o autor acredita ser coerente com a incrível miscigenação racial que há no nosso país. Em 2013 lançou o livro “ Maquiagem” , com uma proposta de desafiar as mulheres à se inspirar e fazer algo que nunca fizeram.