sábado, 18 de novembro de 2017
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
PÃO E CIRCO
Política do Pão e Circo
A política do
Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como
ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a
população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu
apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal
(vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta
de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos
políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento.
Com a sua gradual
expansão, o Império Romano tornou-se
um estado rico, cosmopolita, e sua capital, Roma, tornou-se o centro de
praticamente todos os acontecimentos sociais, políticos e culturais na época de
seu auge. Isso fez naturalmente com que a cidade se expandisse, com gente vindo
das mais diferentes regiões em busca de uma vida melhor. Como acontece até hoje
em qualquer parte do mundo, pessoas humildes e de poucas condições financeiras
iam se acotovelando nas periferias de Roma, em habitações com conforto mínimo,
espaço reduzido, de pouco ou nenhum saneamento básico, e que eram exploradas em
empregos de muito trabalho braçal e pouco retorno financeiro.
Esses ingredientes,
em qualquer sociedade são perfeitos para detonarem revoltas sociais de grandes
dimensões. Para evitar isso, os imperadores optaram por uma solução paliativa,
que envolvia a distribuição de cereais, e a promoção de vários eventos para
entreter e distrair o povo dos problemas mais sérios na fundação da sociedade
romana.
Assim, nos tempos de
crise, em especial no tempo do Império, as autoridades acalmavam o povo com a a
construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos
envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas, acrobacias, bandas,
espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo. Outro
costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente no Pórtico de
Minucius. Basicamente, estes "presentes" ao povo romano garantia que
a plebe não morresse de fome e tampouco de aborrecimento. A vantagem de tal
prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e
apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava
consolidada.
Para os espetáculos
eram reservados aproximadamente 182 dias no ano (para cada dia útil havia um ou
dois dias de feriado). Os espetáculos que foram se desenvolvendo em cada uma
dessas férias romanas, tinham sua origem na religião. Os romanos nunca deixavam
de cumprir as solenidades, porém não mais as compreendiam e os festejos foram
deixando de ter um caráter sagrado e passando a saciar somente os prazeres de
quem os assistia.
Bibliografia:
DIAS, Anderson. Política do Pão e Circo. Disponível em http://www.parafrasear.net/2007/11/poltica-do-po-e-circo.html. Acesso em: 09 abr. 2012.
A política do Pão e Circo.. Disponível em http://www.stum.com.br/blog/blog.asp?id=8514. Acesso em: 09 abr. 2012.
DIAS, Anderson. Política do Pão e Circo. Disponível em http://www.parafrasear.net/2007/11/poltica-do-po-e-circo.html. Acesso em: 09 abr. 2012.
A política do Pão e Circo.. Disponível em http://www.stum.com.br/blog/blog.asp?id=8514. Acesso em: 09 abr. 2012.
http://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/
segunda-feira, 3 de julho de 2017
sexta-feira, 17 de março de 2017
A ARTE ... VIVA ALPHA BLONDY
AOS BASTARDOS DO BRASIL, QUE QUEREM TORNAR OS BRASILEIROS BASTARDOS TAMBÉM. REFORMA DA PREVIDÊNCIA? REFORMA TRABALHISTA? PURA ENGANAÇÃO.
AVANTE POVO BRASILEIRO, VAMOS, VAMOS IMPEDIR A CONTINUAÇÃO DESTE MOVIMENTO DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA E TRABALHISTA DESTE PAÍS.
ESTA É MAIS UMA REFORMA DO MAL.
sexta-feira, 3 de março de 2017
ARTE: CAPITALISMO.
Uma paisagem de Klimt
inflama a licitação em $ 56,900,000. NÃO ESTAS, FOI OUTRA
LEILÃO -
estimado $ 45 milhões, Tabela Bauerngarten (Blumengarten) do artista austríaco
quebrou o recorde mundial para uma paisagem na Sotheby na sua venda noite 01 de
março, em Londres.
Esta é uma soma
astronômica, o terceiro mais alto preço para uma obra de arte vendida em leilão
na Europa Gustav Klimt e o recorde mundial para uma paisagem pelo artista: $
56,9 milhões. Este é o montante investido para adquirir a paisagem do mestre
austríaco Bauerngarten (Blumengarten) oferecidos em leilão para a venda de
noite arte impressionista, moderna e surrealista Sotheby, em Londres,
Quarta-feira, 1 de Março. Um preço mais elevado do que a estimativa de US $ 45
milhões em cima da mesa.
Este Klimt foi a
peça-chave da venda. Durante cinco anos, o mercado não tinha visto pinturas do
artista desta qualidade. A pintura, datada de 1907, é a melhor época do pintor
austríaco simbolista, aquela em que ele se encontra com o jovem Egon Schiele
ele vai muito mais influência.
O
"Bauerngarten" (Blumengarten) Klimt durante o leilão na Sotheby em
Londres em 1 de Março
Sotheby era
naturalmente muito satisfeitos com este resultado: "Uma das melhores obras
do artista nunca submetidos a leilões de incêndio, Bauerngarten, pintado em
1907, apareceu no mercado, esta noite, depois de mentir dentro ' uma coleção
particular desde 1994. foi recentemente revelado na Royal Academy of Arts, em
Londres, por ocasião da exposição Pintura moderna do Jardim, que foi um grande
sucesso ", comentou a casa de leilões disse em um comunicado.
Outra obra de
Klimt, Menina na folha resultou em um grande leilão de batalha. Antes de ser
levado para 5,3 milhões, o dobro da estimativa mais alta, a fundação do museu
austríaco Gustav Klimt Viena em 1900. A venda totalizaram 240, US $ 8 milhões,
registrando um aumento de 108% em relação ao ano passado, com uma taxa vendeu
lote de 88,9%.
tradutor google
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
SALVADOR EM 3D'ALÍ
O fascínio de Dalí para as três dimensões em uma exposição
Museu Figueres reúne seis dípticos criados entre 1972 e 1978
O fascínio de Salvador Dalí para a criação de ilusões de
óptica usando a ciência ea tecnologia se reflete na exposição temporária que
abriu quinta-feira no Teatro-Museu em Figueres (Alt Empordà). Dalí.
Estereoscopia. A pintura em três dimensões em conjunto seis dípticos, ou seja,
seis pares de óleos estereoscópicas criados entre 1972 e 1978, com o qual os
visitantes podem ver os resultados surpreendentes das invenções Empordà gênio
", de pequeno guiado por sua obsessão para ensinar relógio, criar diferentes
ilusões da realidade e fazer as pessoas olharem para diferentes formas de ver a
realidade. "
.Os Inovações técnicas em óptica estavam muito interessados
em que o artista, bem como descobertas biológicas relacionadas com o mundo da
matemática. No final de 1964 centra-se na investigação do chifre de rinoceronte
e curvas logarítmicas derivados e estrutura dos olhos de moscas. Isso o levou a
dizer que, graças a esta pesquisa descobre pintura em três dimensões.
O catalisador foi as obras do pintor e gravador holandês
Baroque Gerrit Dou (1613-1675), que descobriu uma exposição Dali em Paris, que
tinha feito cópias de suas pinturas. Segundo o ex-diretor do museu, Antoni
Pitxot do artista Girona estava convencido de que não era meras cópias, mas
teve que admirar os quadros juntos. O varejo estudado e descobriu que havia
pequenas diferenças entre eles. Em algum ponto, comprou duas obras de Dou: A
visita do médico e bordador, também conhecido como Retrato da mãe de Rembrandt.
O estudo da obra de técnica Dou e estereoscópica o levou a concluir que este
autor usou lentes especiais e espelhos para criar uma única pintura, e
tornou-se o iniciador desta técnica.
Diferentes pontos
focais
O estereoscópica ocorre "quando duas imagens quase
idêntica, mas com um ponto de vista diferente focal adaptar à visão dos olhos.
A visão de um olho é diferente do outro, de modo que com a ajuda de
dispositivos diferentes do cérebro acrescenta as duas imagens e criar a ilusão
de profundidade ou terceira dimensão ", disse quinta-feira Montse Aguer ,
diretor dos museus Dali.
A partir deste início, Dali percebe pares de pinturas, o que
representa uma imagem quase idêntica, mas divergindo pontos focais para produzir
efeitos tridimensionais no olho de quem vê. Para conseguir um relé perfeita
move ligeiramente entre cada imagem em relação ao olho do observador; nunca são
duas cópias idênticas. As cores das imagens mudam, às vezes bastante óbvio.
Os visitantes poderão ver seis exemplos de óleos sobre tela
desta técnica, embora se saiba, nunca foi em exibição em conjunto. Entre as
obras estão Dalí Levantar a pele do Mediterrâneo para mostrar Gala do
Nascimento de Venus, 1978; A estrutura do DNA, 1975-76, de acordo com "Las
Meninas" de Velázquez, em torno de 1975-76, inspirado pelo pintor
sevilhano que disse que "ele tinha um tipo de pintura fotográfica."
Ao lado de cada composição são dispositivos instalados que permitem
visualização tridimensional. "Temos adaptado ao século XXI os mecanismos
propostos na Dalí anos setenta para assistir estereoscópica seu trabalho",
disse Aguer.
FONTE: EL PAÍS MARTA
RODRÍGUEZ
Tradutor google
domingo, 19 de fevereiro de 2017
RADUAN
Raduan Nassar:
"Vivemos tempos sombrios"
por Redação — publicado 17/02/2017 11h00, última
modificação 17/02/2017 09h44
Em seu
pronunciamento na entrega do Prêmio Camões de literatura, o escritor critica o
golpe, o governo Temer e o STF. Leia a íntegra
Às dez e meia da manhã desta sexta-feira 17, o escritor Raduan Nassar subiu ao palco
montado no Museu Lasar Segall, em São Paulo, para receber o Prêmio Camões de 2016,
honraria concedida pelos governos do Brasil e Portugal e um dos principais
reconhecimentos da literatura em língua portuguesa. Nassar ofereceu à plateia o
seguinte discurso:
Senhora Helena Severo, Presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
Professor Jorge Schwartz, Diretor do Museu Lasar Segall.
Saudações a todos os convidados.
Tive dificuldade para entender o Prêmio Camões, ainda que concedido pelo
voto unânime do júri. De todo modo, uma honraria a um brasileiro ter sido
contemplado no berço de nossa língua.
Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo país, resplandecente desde
a Revolução dos Cravos no ano
anterior. Além de amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido pela
imprensa, escritores e meios acadêmicos lusitanos.
Portanto, Sr.Embaixador, muito obrigado a Portugal.
Infelizmente, nada é tão azul no nosso Brasil.
Vivemos tempos sombrios, muito sombrios: invasão na sede do Partido dos
Trabalhadores em São Paulo; invasão na Escola Nacional Florestan Fernandes; invasão nas escolas
de ensino médio em muitos estados; a prisão de Guilherme Boulos, membro da
Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; violência contra a
oposição democrática ao manifestar-se na rua. Episódios todos perpetrados
por Alexandre de Moraes.
Com curriculum mais amplo de truculência, Moraes propiciou também, por
omissão, as tragédias nos presídios de Manaus e Roraima. Prima inclusive por
uma incontinência verbal assustadora, de um partidarismo exacerbado, há vídeo,
atestando a virulência da sua fala. E é esta figura exótica a indicada agora
para o Supremo Tribunal Federal.
Os fatos mencionados configuram por extensão todo um governo repressor:
contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades
federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e altiva de Celso Amorim. Governo atrelado
por sinal ao neoliberalismo com sua escandalosa concentração da riqueza, o que
vem desgraçando os pobres do mundo inteiro.
Mesmo de exceção, o governo que está aí foi posto, e continua amparado
pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal.
Prova da sustentação do governo em exercício aconteceu há três dias,
quando o ministro Celso de Mello, com suas intervenções enfadonhas, acolheu o
pleito de Moreira Franco. Citado 34 vezes numa única delação, o ministro Celso
de Mello garantiu, com foro privilegiado, a blindagem ao alcunhado “Angorá”. E
acrescentou um elogio superlativo a um de seus pares, o ministro Gilmar Mendes,
por ter barrado Lula para a Casa
Civil, no governo Dilma. Dois pesos e duas medidas
É esse o Supremo que temos, ressalvadas poucas exceções. Coerente com
seu passado à época do regime militar, o mesmo Supremo propiciou a reversão da
nossa democracia: não impediu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos
Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Íntegra, eleita
pelo voto popular, Dilma foi afastada definitivamente no Senado.
Não há como ficar calado.
Obrigado
Fonte: Carta Capital
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
RESISTÊNCIA POR NADA
Metropolitan libera os direitos de 375.000 imagens
de suas obras
Acordo do museu de
Nova York com “Creative Commons” permite fazer download, usar e modificar o
conteúdo do catálogo
Nova
York 13 FEV
2017 - 19:07 BRST
EL PAÍS
O Museu Metropolitano de Nova York (Met),
uma das instituições de arte mais importantes do mundo, anunciou na última
terça-feira, através de um comunicado, sua decisão de liberar cerca de 375.000
obras de seu catálogo digital como imagens de domínio público. Graças a essa
nova política de acesso, as peças já estão disponíveis online sob uma licença Creative Commons
Zero (CC0), que permite a qualquer pessoa baixar, usar e modificar
as obras sem restrições e sem precisar atribuí-las ao autor original.
Ao contrário de uma iniciativa de
2014, pela qual o museu deu acesso na web às peças agora liberadas, com essa
licença os usuários poderão se apropriar delas sem necessidade de obter
permissões ou quotas. O catálogo inclui um grande leque de obras em alta
resolução, de esculturas até gravuras, fotografias e pinturas.
O diretor do museu, Thomas P. Campbell, explica que essa mudança
transforma o Museu Metropolitano em “uma das maiores e mais diversificadas
coleções de acesso aberto do mundo”, abrangendo 5.000 anos de história da arte
de todo o mundo. Seu conteúdo é, como explica o Met, produto de horas de trabalho
dedicadas a digitalizar o catálogo do museu na íntegra, 147 anos. Um rigoroso
trabalho feito por fotógrafos, técnicos, curadores e até mesmo estagiários que
passaram por suas salas.
Nomes como Botticelli, Degas, Hokusai e Rodin são
alguns que vão aparecer nesse banco de dados que levará o Met a se juntar à
lista de museus com coleções digitais sob licença CC0. É encabeçada pelo
Walters Art Museum, da cidade de Baltimore, que em 2012 adotou a mesma política
ao liberar cerca de 18.000 imagens. Foi seguido por instituições como o Rijksmuseum de
Amsterdã, a Tate Gallery de Londres e, mais
recentemente, pelo MoMA de Nova York, com 120.000 imagens.
Loic Tallon, diretor digital do museu, comentou que esta decisão é “um
emocionante marco na evolução digital do Met”. Isso é corroborado pelas novas
colaborações anunciadas pelo museu na mesma terça-feira. Creative Commons não
será o único aliado: também vai contar com a ajuda de outras entidades como a
Biblioteca Digital Pública dos Estados Unidos, Artstor, Wikimedia e Pinterest.
Juntos, vão trabalhar no projeto do museu para conseguir expandir seu público
além dos 30 milhões de usuários que já visitam seu site, abrindo as portas
digitais para todos os públicos possíveis.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
DIREITA, VOLVER
São Paulo
está matando a própria cultura', diz curador alemão de arte urbana
Clarissa
Neher | Deutsche Welle | São Paulo - 27/01/2017 - 18h01
Curadores e colecionadores de arte urbana
consideram iniciativa da prefeitura de apagar grafites uma forma de censura;
cidade é referência mundial, com obras que entraram para a História da arte
A iniciativa do prefeito João Doria de apagar
grafites em São Paulo causou indignação entre artistas e têm impulsionado
protestos na cidade. Especialistas em arte urbana ouvidos pela DW
Brasil consideram a medida uma forma de censura e criticam a ausência
de embasamento técnico para a decisão.
"São
Paulo está matando sua própria cultura", diz o curador alemão e
especialista em arte urbana não-autorizada Robert Kaltenhäuser. "Talvez se lerá sobre isso nos livros de
história no futuro, assim como hoje lemos sobre a tentativa dos fascistas de
eliminar a arte moderna considerada 'degenerada'. Talvez os murais terão que
ser restaurados por milhões daqui a 20 anos."
Já durante a campanha eleitoral, Doria anunciou que
iria combater as pichações. Ao tomar posse, o tucano instituiu o programa
Cidade Linda e mandou pintar de cinza muros que expunham grafites. O programa
da prefeitura acabou com o maior mural de grafite a céu aberto da América
Latina, na Avenida 23 de Maio.
Do dia para a noite, obras de cerca de 200
grafiteiros na avenida foram cobertas de cinza. O projeto artístico,
encomendado pelo ex-prefeito Fernando Haddad, custou 1 milhão de reais. Apenas
oito obras foram preservadas. Segundo a prefeitura, foram apagadas pinturas que
estariam danificadas devido à ação de pichadores e do tempo.
Para o diretor da Galeria Kronsbein, de Munique,
Valeri Lalov, uma decisão como essa só poderia ter sido tomada após uma
avaliação sobre as obras feita por especialistas. A análise deveria abordar
aspectos como autor, significado e mensagem da arte, além de verificar se
realmente os desenhos estavam danificados e poderiam ser apagados.
Grafiteiros em SP: 'não há nenhuma cidade no mundo que tenha atualmente tanto significado para a arte urbana global como São Paulo', diz Robert Kaltenhäuser
O colecionador alemão de arte urbana Rik Reinking,
avalia a iniciativa da prefeitura de São Paulo como um claro sinal.
"Infelizmente, um sinal na direção errada, pois se trata, primeiramente,
de censura ao pensamento livre e à criatividade", destaca o especialista,
que possui obras de artistas brasileiros de renome, como Os Gêmeos, Vitché e
Herbert Baglione.
Grafite como arte
São Paulo é considerada a capital mundial do
grafite. Dela saíram muitos artistas consagrados internacionalmente, como Os
Gêmeos, Eduardo Kobra, Nunca (Francisco Rodrigues da Silva), Zezão, Vitché,
Herbert Baglione e Tinho (Walter Nomura).
"Além de Nova York, não há nenhuma cidade no
mundo que tenha atualmente tanto significado para a arte urbana global como São
Paulo", afirma Kaltenhäuser, acrescentando que na cidade brasileira foram
criadas novas formas de grafite que inclusive já entraram para a História da
arte.
O grafite moderno surgiu no fim da década de 1960,
nos Estados Unidos, e usava basicamente a escrita como forma de manifestação.
Em meados da década de 1980, esse estilo tornou-se um fenômeno em Nova York,
com a publicação de livros e filmes sobre o tema. Nesta época, foi consagrado
um dos artistas mais conhecidos da cena, o norte-americano Jean-Michel
Basquiat.
A partir de meados de 1990, foram desenvolvidas
novas técnicas artísticas, incluindo a redescoberta do mural – com pinturas de
grande extensão e motivos variados. E, neste desenvolvimento, o Brasil e
principalmente artistas de São Paulo, como Os Gêmeos, têm um papel fundamental.
De acordo com Kaltenhäuser, o desenvolvimento desta
técnica no país está relacionado às dificuldades de acesso à tinta de spray, no
final dos anos 1980. Para superar essa barreira, artistas urbanos brasileiros
passaram a usar tinta látex para pintar grandes superfícies, inspiradas na
cultura popular latino-americana.
Acesso ao público
No caminho inverso ao de São Paulo, outras
metrópoles mundiais, como Londres, Nova York e Berlim, usam a arte de rua para
promover o turismo – apesar de proibirem grafite em espaços não-autorizados.
Na capital alemã, por exemplo, a página da própria
prefeitura na internet oferece dicas de passeios destacando obras de
grafiteiros de renome presentes na cidade, incluindo um mural de Os Gêmeos.
Neste ano, será inaugurado ainda na capital alemã um grande museu de arte
urbana contemporânea, o Urban Nation.
Em 2013, Frankfurt promoveu uma grande exposição a
céu aberto com artistas urbanos brasileiros. Nunca, Zezão, Tinho, Jana Joana,
Vitché, Alexandre Orion, Herbert Baglione, entre outros, coloriram a cidade com
suas obras. Há murais de brasileiros em outras cidades alemãs, como Munique e
Wupertal.
A diretora do Museu Urban Nation, Yasha Young,
destaca que o principal diferencial deste tipo de manifestação artística é a
sua aproximação e seu diálogo direto com o público.
"Nenhuma outra forma de arte é tão próxima das
ruas, dos bairros e dos seus moradores. A arte urbana não segue objetivos
comerciais, ela estimula a reflexão, além de inspirar, embelezar, irritar,
movimentar, unir e ser vista por todos. Assim, por meio de posições artísticas,
são transmitidas a um público amplo mensagens críticas da sociedade sobre
acontecimentos mundiais atuais", afirma Young.
Inspirada em Miami
Sob críticas, a prefeitura de São Paulo alega que o
projeto Cidade Linda visa valorizar a arte urbana na cidade e reservará espaços
autorizados para essa prática. Doria anunciou que pretende criar um
grafitódromo inspirado num projeto de Miami. Para o curador alemão
Kaltenhäuser, a ideia é absurda.
"São Paulo foi a inspiração para o projeto de
Miami, cidade que não tem tradição em arte urbana. Ele quer destruir algo
nativo para copiar uma cópia do modelo da sua própria cidade. Seria como se a
Alemanha resolvesse destruir todas as cervejarias daqui para importar o modelo
dos Estados Unidos", argumentou Kaltenhäuser.
Apesar de condenar a decisão de apagar grafites, o
especialista acredita que ela pode ser vista também com um novo desafio para a
arte.
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