'Silêncio dos EUA é apoio a
golpe no Brasil', diz especialista norte-americano
Revista
Brasileiros | São Paulo - 15/04/2016 - 11h11
Para Mark Weisbrot, codiretor de Centro de Pesquisa
Econômica e Política, em Washington, discrição de Obama não é acaso
“O governo dos Estados Unidos vem guardando
silêncio sobre esta tentativa de golpe, mas há poucas dúvidas quanto à sua
posição.” A frase é de Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisa Econômica
e Política, em Washington, e presidente da Just Foreign Policy, organização
norte-americana especializada em política externa. Para ele, a campanha do
impeachment é, sim, um golpe de Estado capitaneado pela elite nacional, algo
impensável nos Estados Unidos.
O especialista norte-americano comparou as
pedaladas fiscais de Dilma a expedientes utilizados recentemente pelo
presidente norte-americano Barack Obama. “Quando os republicanos se negaram a
elevar o teto da dívida, em 2013, a administração Obama recorreu a vários
truques de contabilidade para adiar o prazo final no qual se alcançaria o
limite. Ninguém se incomodou com isso”, escreveu Weisbrot em artigo para o
jornal Folha de S.Paulo.
Ele frisou que a articulação do golpe vem da
elite nacional “para obter por outros meios aquilo que não conseguiu conquistar
nas urnas nos últimos anos”. “O juiz Sergio Moro lidera uma bem executada
campanha de difamação de Lula”, escreveu o especialista norte-americano.
Para Weisbrot, o golpe prospera no silêncio
conveniente dos Estados Unidos. “Há poucas dúvidas quanto à sua posição”,
disse. “Eles sempre apoiaram golpes contra governos de esquerda no hemisfério,
incluindo, apenas no século 21, o Paraguai em 2012, Haiti em 2004, Honduras em
2009 e Venezuela em 2002.”
Ele lembra que recentemente Obama foi à Argentina
para “derramar-se em elogios ao novo governo de direita, pró-EUA”. “E hoje, no
Brasil, a oposição é dominada por políticos favoráveis a Washington. Seria mais
uma coisa lamentável se o Brasil perdesse boa parte de sua soberania nacional,
além de sua democracia, com este golpe sórdido.”
Originalmente publicado no site da Revista Brasileiros.
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