Pesquisador diz ter encontrado único retrato de Shakespeare feito em
vida
Toby Melville
O verdadeiro retrato de William Shakespeare, o
único feito enquanto o autor britânico viveu, estava escondido em um livro de
botânica do século 16. Ao menos, é o que clama o historiador britânico Mark
Griffiths, que apresentou sua descoberta nesta terça-feira (19) na revista
"Country Life".
A publicação vende a imagem, encontrada há cinco
anos pelo pesquisador, como "a descoberta literária do século". Na
ilustração, Shakespeare teria sido retratado aos 33 anos, logo após escrever
"Sonhos de Uma Noite de Verão" e pouco antes de terminar
"Hamlet".
Até hoje, existem apenas dois retratos considerados
autênticos de Shakespeare: um deles, impresso na primeira coletânea publicada
com seus textos, dos anos 1620. O outro está no monumento dedicado ao autor, na
capela da Santíssima Trindade, em Stratford-upon-Avon, cidade natal do
dramaturgo. Ambos, porém, são póstumos.
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Griffiths afirma que trabalhava em uma biografia do
botânico britânico John Gerard (1545-1612) em 2012, depois de anos estudando
sua obra, quando se deparou com uma gravura em um de seus livros.
A princípio, não conseguiu identificar o retrato
que aparecia em uma das 1.464 páginas do livro "The Herball",
publicado no século 16. De acordo com o pesquisador, existem apenas de dez a 15
cópias da obra.
Depois de analisar a imagem, decifrou um código da
época da dinastia Tudor impresso na gravura, que o permitiu concluir que o
retrato pertencia a Shakespeare. O "código" era composto por
pictogramas, símbolos heráldicos, cifras e flores emblemáticas, então
utilizadas para identificar nomes e posições sociais.
Segundo o jornal britânico "The
Telegraph", que conversou com o estudioso, o símbolo decifrado é a
combinação do número quatro com a letra E (traduzindo para o latim, seria
"quarter-e", ou o verbo "to shake", em inglês) e o uso das
letras "OR" (termo heráldico para ouro, referência ao brasão da
família Shakespeare).
Associando a leitura da sequência com a imagem de
uma lança ("spear", em inglês), retratada também na gravura, o
resultado seria "I shake spear" – ou seja, "Shakespeare".
Além disso, a letra "W", grafada no código, representaria
"William".
"No começo me pareceu difícil que alguém tão
famoso e universalmente conhecido como Shakespeare pudesse ter passado
despercebido naquela folha por tanto tempo", comentou Griffiths à agência
EFE.
Ele conta que outra pista que o ajudou a decifrar o
mistério são as plantas que adornavam as mãos do retratado, que seriam
frequentemente mencionadas por Shakespeare em seus textos: uma flor da família
das liláceas, na mão direita, e um sabugo de milho, na mão esquerda.
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