sábado, 23 de maio de 2015

RETA RAZÃO


PS; Para os que se dizem políticos da casa do mal. São Jo´se de Mipibu -RN -Brasil

AINDA BEM

Pesquisador diz ter encontrado único retrato de Shakespeare feito em vida
Toby Melville
O verdadeiro retrato de William Shakespeare, o único feito enquanto o autor britânico viveu, estava escondido em um livro de botânica do século 16. Ao menos, é o que clama o historiador britânico Mark Griffiths, que apresentou sua descoberta nesta terça-feira (19) na revista "Country Life".
A publicação vende a imagem, encontrada há cinco anos pelo pesquisador, como "a descoberta literária do século". Na ilustração, Shakespeare teria sido retratado aos 33 anos, logo após escrever "Sonhos de Uma Noite de Verão" e pouco antes de terminar "Hamlet".
Até hoje, existem apenas dois retratos considerados autênticos de Shakespeare: um deles, impresso na primeira coletânea publicada com seus textos, dos anos 1620. O outro está no monumento dedicado ao autor, na capela da Santíssima Trindade, em Stratford-upon-Avon, cidade natal do dramaturgo. Ambos, porém, são póstumos.





Griffiths afirma que trabalhava em uma biografia do botânico britânico John Gerard (1545-1612) em 2012, depois de anos estudando sua obra, quando se deparou com uma gravura em um de seus livros.

A princípio, não conseguiu identificar o retrato que aparecia em uma das 1.464 páginas do livro "The Herball", publicado no século 16. De acordo com o pesquisador, existem apenas de dez a 15 cópias da obra.
Depois de analisar a imagem, decifrou um código da época da dinastia Tudor impresso na gravura, que o permitiu concluir que o retrato pertencia a Shakespeare. O "código" era composto por pictogramas, símbolos heráldicos, cifras e flores emblemáticas, então utilizadas para identificar nomes e posições sociais.

Segundo o jornal britânico "The Telegraph", que conversou com o estudioso, o símbolo decifrado é a combinação do número quatro com a letra E (traduzindo para o latim, seria "quarter-e", ou o verbo "to shake", em inglês) e o uso das letras "OR" (termo heráldico para ouro, referência ao brasão da família Shakespeare).
Associando a leitura da sequência com a imagem de uma lança ("spear", em inglês), retratada também na gravura, o resultado seria "I shake spear" – ou seja, "Shakespeare". Além disso, a letra "W", grafada no código, representaria "William".

"No começo me pareceu difícil que alguém tão famoso e universalmente conhecido como Shakespeare pudesse ter passado despercebido naquela folha por tanto tempo", comentou Griffiths à agência EFE.

Ele conta que outra pista que o ajudou a decifrar o mistério são as plantas que adornavam as mãos do retratado, que seriam frequentemente mencionadas por Shakespeare em seus textos: uma flor da família das liláceas, na mão direita, e um sabugo de milho, na mão esquerda. 

ARTE

Mostra com mais de cem obras de Joan Miró entra em cartaz em SP
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Menos delirante e mais realista do que se imagina, o Joan Miró que surge na retrospectiva dedicada a ele agora no Instituto Tomie Ohtake é um artista de pés firmes no chão, um autor que construiu uma obra arraigada na paisagem agreste da Catalunha e ao mesmo tempo em símbolos oníricos.

Na maior mostra do espanhol já realizada no país estão mais de cem obras de todas as fases de sua vida, sendo mais de 40 delas pinturas.
Em três salas do centro cultural paulistano, é possível observar a evolução da linguagem de Miró, um dos artistas mais influentes do século 20, morto aos 90, em 1993.
São trabalhos que vão desde os anos 1930, com o surgimento de seu vocabulário visual de personagens como o pássaro, o homem e a mulher, até as pinturas de gestual mais bruto e errático dos anos 1970, influenciadas pelo trabalho de expressionistas abstratos, como Jackson Pollock, que ele viu nos Estados Unidos.

"Miró sempre foi capaz de se aproximar do cosmos ao mesmo tempo em que olhava os aspectos mais primitivos do ser humano", diz Joan Punyet Miró, neto do artista. "Ele foi um criador visceral, que retratou o lado mais arcaico da experiência humana."

Nesse sentido, Miró buscou na experimentação com materiais uma forma de traduzir a tragédia das guerras que viveu e a violência da ditadura de Francisco Franco, que dominou a Espanha dos anos 1930 à década de 1970.

Em vez de pintar só sobre a tela convencional, o artista criou composições sobre chapas de madeira, lixas, trapos e até outras pinturas que comprava em mercados de pulgas.

Sua ideia era partir dos nós e veios da superfície da madeira ou das manchas e rasgos num papel para estruturar seus desenhos, usando o acaso como força motriz.

Ou seja, seus personagens quase abstratos e arquetípicos –a mulher como símbolo da fertilidade e o pássaro como ligação entre céu e terra– tinham raízes mais do que sólidas, inscritos na rugosidade da madeira e nos vincos do papel.

Mais perto da morte, Miró passou a cobrir suas telas de negro, com traços mais grossos e desajustados, manifestando sua consciência do fim.


sábado, 16 de maio de 2015

VALE QUANTO PESA ? ABSURDO ?

Entenda por que obras de arte são vendidas por preços tão altos
JOHN GAPPER
DO "FINANCIAL TIMES"
Quando investidores ricos concorrem uns contra os outros para adquirir um ativo, eles decerto devem ter certeza de seu valor financeiro, não? Para o presidente da Christie's, Jussi Pylkkänen, a resposta é sim.
Na noite de segunda (11), ele vendeu "'As Mulheres de Argel" (Versão O), de Picasso -a mais cara da história dos leilões-, por US$ 179,4 milhões (cerca de R$ 535,1 milhões).
"Os participantes de um leilão estão muito cônscios do valor do objeto e tomam decisões de maneira extremamente ponderada", disse Pylkkänen depois da venda. Os lances finais pelo quadro foram realizados cautelosamente, em incrementos de US$ 500 mil.
Em meio a leilões recorde em Londres e Nova York, a arte é cada vez mais tratada como ativo financeiro. "Swamped", um quadro de Peter Doig, 56, um artista escocês, foi vendido por US$ 29,5 milhões na noite de segunda.
Bilionários voam à Art Basel Miami a fim de comprar nas grandes galerias, executivos de gestão de patrimônio privado aconselham aos clientes comprar arte para diversificar seus investimentos e obras-primas lotam armazéns no porto livre de Genebra.
Mas quadros não são títulos financeiros. O valor financeiro de qualquer obra de arte continua tão intangível e indefinível quanto o sorriso da Mona Lisa. Como definiu o economista William Baumol, 30 anos atrás, os preços dos quadros "flutuam mais ou menos sem direção... Quem busca valor intrínseco, em termos financeiros, faria bem em procurá-lo em outro lugar".
Ainda que não saibamos quem comprou o Picasso, podemos ao menos especular sobre seus motivos. O verdadeiro valor está em ser dono de um quadro que museus como o Tate ou o Getty adorariam poder exibir ao público, e deslumbrar a si mesmo e aos amigos com uma obra que poucos poderão ver.
A única maneira de provar que você é o tipo de pessoa tanto culta quanto rica o bastante para ser dono de um trabalho importante de Picasso é comprar um deles.
Obras de arte "são uma escolha muito racional para aqueles que obtêm alto retorno na forma de prazer estético", concluiu Baumol. O economista John Picard Stein escreveu, em 1977, que o valor da arte vem do prazer que proporciona e, por isso, "não é capturável por especuladores".
Há também recompensas sociais -ser convidado a jantares em galerias e museus. Em pesquisa do grupo de auditoria Deloitte com colecionadores de arte, no ano passado, 61% admitiram esse fator como motivação.

AS DEZ OBRAS DE ARTE MAIS CARAS DA HISTÓRIA
Obra
Autor
valor atualizado
valor no dia da venda
ano da venda
"When will you marry me?"
PaulGauguin
US$ 330 milhões
US$ 330 milhões
2015
"Os Jogadores de Carta"
Paul Cézanne
US$ 263,1 milhões
US$ 250 milhões
2011
"As Mulheres de Argel"
Pablo Picasso
US$ 179,4 milhões
US$ 179,4 milhões
2015
"nº 5 - 1948"
Jackson Pollock
US$ 164,4 milhões
US$ 140 milhões
2006
"Mulher 3"
Willem de Koonig
US$ 161,5 milhões
US$ 137,5 milhões
2006
"Retrato de Adele Bloch-Bauer 1
Gustav Klimt
US$ 158,5 milhões
US$ 135 milhões
2006
"Le Rêve"
Pablo Picasso
US$ 157,5 milhões
US$ 155 milhões
2013
"Retrato do Dr. Gachet"
Vincent Van Gogh
US$ 149,4 milhões
US$ 82,5 milhões
1990
"Três Estudos de Lucian Freud"
Francis Bacon
US$ 144,7 milhões
US$ 142,4 milhões
2013
"Bal du Moulin de la Galette"
Pierre-Auguste Renoir
US$ 141,5 milhões
US$ 78,1 milhões
1990

AnteriorOs retornos financeiros são mais difíceis de deslindar. As vendas mundiais de obras de arte subiram a € 51 bilhões (R$ 174 bilhões) no ano passado, de acordo com a Fundação Europeia de Belas Artes, superando o pico anterior de € 48 bilhões de euros, em 2007. É um valor minúsculo se comparado aos quase R$ 880 trilhões (US$ 294 trilhões) em ativos financeiros nos mercados mundiais, mas ainda assim é uma quantia que precisa ser justificada financeiramente.
É difícil fazê-lo. O índice Mei Moses World All Art, que acompanha os preços das obras de arte vendidas em leilão, subiu 7% entre 2003 e 2013 -ligeiramente menos do que o índice de ações S&P 500 (a arte contemporânea obteve retorno mais alto, 10,5%).
A arte se saiu melhor que os títulos financeiros ao longo das últimas décadas, de acordo com alguns indicadores, mas existem motivos para ceticismo.
Um deles é que medir os retornos financeiros de obras que são vendidas e mais tarde revendidas em leilão ignora as peças que jamais retornam ao mercado, possivelmente por terem caído de valor.
Um segundo é que o mercado de arte sofre de opacidade e pesada falta de liquidez -nenhum quadro, mesmo que de autoria do mesmo artista é exatamente equivalente a outro.
Um terceiro fator é que os custos por transação são extremamente altos - as casas de leilão cobram cerca de 20% de comissão dos vendedores.
O aspecto mais exótico do mercado (entre muitos) é o de que os colecionadores mais ricos assumem os riscos financeiros menos previsíveis, ao menos quando fazem lances em leilões em lugar de comprar obras sigilosamente por meio de galerias.
Obras primas como "As Mulheres de Argel" muitas vezes apresentam desempenho abaixo da média em longo prazo, enquanto quadros menos glamourosos têm melhor chance de obter retornos estáveis.
Obras-primas podem perder o lustro -a arte do pós-guerra agora é celebrada, enquanto peças anteriores perderam importância. Doig superou Damien Hirst, mas o comprador de "Swamped", de Doig, não tem como saber se o valor vai perdurar.
Os economistas Jianping Mei e Michael Moses alertaram, em um estudo sobre os preços da arte entre 1955 e 2004, que "os investidores não devem se obcecar por obras-primas e precisam se precaver contra lances excessivos".
Ou talvez não: desafiar as probabilidades, assumir uma postura pública extravagante e por fim tomar posse de um quadro reverenciado de Picasso é o bastante.
Não há dúvida de que "As Mulheres de Argel" é uma obra de arte extraordinária. Determinar se será um investimento excepcional é outro assunto. Mas para o comprador, isso pode não importar.

Tradução de PAULO MIGLIACCI