Álbum de Matisse furtado será devolvido a biblioteca
DE SÃO PAULO
Nove anos depois de ser furtado da Biblioteca Mário
de Andrade, em SP, e substituído por uma réplica, um exemplar do álbum
"Jazz", de Henri Matisse (1869-1954), avaliado em cerca de R$ 1
milhão, será devolvido à instituição nos próximos 15 dias.
A biblioteca passou seis anos com a versão falsa em
seu acervo, chegando a emprestá-la, em 2009, para mostra em homenagem ao
artista francês na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
O livro verdadeiro, parte de uma edição limitada
com colagens produzida pelo artista em 1947, estava depositado no Museu
Nacional de Belas Artes, no Rio, desde 2012, quando foi identificado pela
Polícia Federal.
Nesta sexta (21), o diretor da Mário de Andrade, Luiz Armando Bagolin, foi ao Rio resgatar o exemplar, que permanecia no museu carioca devido a um impasse –desde 2012, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal relutavam em devolver o álbum.
Segundo memorando feito na época pela biblioteca, a
PF dizia que a instituição "não demonstra ter condições de segurança para
receber de volta a obra" e que "ou os envolvidos no furto continuam
trabalhando na biblioteca ou há omissão dos funcionários".
A data do furto não é conhecida, mas acredita-se
que tenha ocorrido em 2006. No final daquele ano, a obra foi localizada pela
Polícia Federal argentina na tríplice fronteira, num lote de cerca de 60 livros
raros furtados de instituições do país inteiro.
De acordo com Fabio Scliar, delegado da PF que
acompanhou o caso até 2013, "Jazz" era "de longe a obra mais
valiosa do lote, cujo destino final seria o Uruguai".
"Os ladrões estavam cruzando a fronteira
quando a alfândega apreendeu o lote. Eles ainda se organizaram numa quadrilha
armada e invadiram a sede da receita para roubar o material, mas não
conseguiram", diz.
Segundo ele, o material ficou por anos na sede da
Polícia Federal argentina. Apenas em 2011, durante a investigação de outro
caso, Scliar teve acesso ao lote e o trouxe ao Brasil, mas a presença da obra
"Jazz" só se tornou conhecida no início de 2012.
Corroborava a tese da participação de funcionários
da Mário de Andrade no furto o fato de que, quando a PF procurou a biblioteca,
em 2012, alegando estar com o exemplar que pertencia a ela, a instituição
inicialmente rejeitou a ideia, afirmando tê-lo em seu acervo.
Um laudo provou que se tratava de falsificação
"grosseira", como informou Scliar na época, e desde então a Mário de
Andrade vinha tentando reaver o volume. As investigações não chegaram a nenhuma
conclusão sobre a participação de funcionários.
De acordo com Bagolin, a segurança da instituição
foi reforçada desde então. Ele diz que a obra agora ficará "isolada num
andar com mais condições de guarda" e que uma sindicância interna será
reaberta. Bagolin planeja exibir a obra em 2015, junto com outras das obras
mais valiosas do acervo da biblioteca.
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