Executivo menciona Moreira,
Jucá e Geddel em negociação de delação, diz revista
15/10/2016
O executivo Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais
da Odebrecht, citou em negociação para fechar delação o ministro Geddel Vieira
Lima (Secretaria de Governo), o secretário Moreira Franco (Programa de
Parcerias de Investimentos) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A informação foi
publicada pela revista "Veja" desta semana.
Os três peemedebistas integram o círculo próximo do presidente Michel
Temer.
De acordo com a publicação, Melo, que discute
colaboração com a Operação Lava Jato, contou que Moreira Franco pediu à
Odebrecht, em 2014, uma colaboração de R$ 3 milhões.
O dinheiro não era para a campanha, segundo a
revista, já que Moreira Franco, então ministro da Aviação Civil de Dilma
Rousseff, não foi candidato naquele ano.
A "Veja" informa que Melo ainda não
detalhou aos investigadores quais interesses estariam por trás da contribuição,
mas os advogados da Odebrecht iriam revelar em breve que o dinheiro que teria
sido dado a Moreira Franco era para que ele abortasse a ideia da construção de
um aeroporto em Caieiras, em São Paulo.
A Odebrecht liderou um consórcio que venceu a
disputa pela concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com
investimento previsto de R$ 19 bilhões, mas o governo estaria pressionando a
empreiteira para também assumir o investimento em Caieiras.
Segundo a reportagem, mensagens apreendidas durante
a investigação corroboram a versão do executivo.
Ele também teria dito na conversa com os
procuradores que intermediou o pagamento de R$ 10 milhões em propina para Jucá,
ex-ministro do Planejamento de Michel Temer, para que ele trabalhasse pelos
interesses da companhia em projetos de lei e medidas provisórias que tramitavam
no Congresso. O dinheiro teria sido pago na forma de doações legais e ilegais,
diz a revista.
Ainda segundo a publicação, o ex-dirigente da
Odebrecht contou aos investigadores detalhes do financiamento das campanhas de
Geddel, de quem seria vizinho em um condomínio próximo a Salvador. A
"Veja" não informa, porém, o que exatamente Melo relatou sobre as
campanhas do ministro.
O executivo teve acordo de delação recentemente
rejeitado pelos procuradores, mas pessoas próximas de Melo afirmaram à Folha na
sexta-feira (14) que a negociação avançou e que sua delação está perto de ser
aceita.
Mais de 40 funcionários e ex-funcionários da
Odebrecht já fecharam acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava
Jato.
OUTRO LADO
A Odebrecht disse que não se manifestará sobre o
caso.
A "Veja" informou que o secretário
Moreira Franco negou, por meio de nota, qualquer envolvimento no caso e que
nunca pediu qualquer apoio financeiro a executivos da Odebrecht. Disse ainda
que a construção do terceiro aeroporto em São Paulo não ocorreu por conta de
razões técnicas.
A revista também diz que Jucá nega os fatos
narrados na matéria.
A Folha não conseguiu contato com
os citados na reportagem da revista.
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