Desejos impuros
Publicação:
27 de Junho de 2014 FONTE: Tribuna do norte
Neste fim
de semana, os potiguares terão mais duas oportunidades de ver o espetáculo
“Eros Impuro”, do coletivo Criaturas Alaranjadas Cia. de Teatro, de Brasília,
que encerra nesta sexta a temporada de oito apresentações da montagem na Casa
da Ribeira (Rua Frei Miguelinho, 52, Ribeira). Serão duas sessões – uma às
18h30 e outra às 20h30. A entrada é gratuita.
Claudia
Ferrari
Abuso sexual contra menores é tema de peça inédita
“Eros Impuro” que está em temporada natalense na Casa da Ribeira
Nascido em Brasília em abril de 2011, o espetáculo é um dos projetos contemplados pelo Ministério da Cultura por meio do edital Cultura 2014, que põe em circulação, nas cidades-sede da Copa do Mundo, um mosaico de bens culturais brasileiros.
A peça discute um tema urgente à sociedade: o abuso sexual contra menores. Em 2013, o espetáculo circulou por oito capitais, fez 53 sessões e foi visto por mais de 2,5 mil espectadores. Com estreia em abril de 2011, já esteve em festivais em Brasília. Vitória, Goiânia e Recife, além de turnês em Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Fortaleza, João Pessoa, São Luis e São Paulo, onde fez temporada de 25 sessões com êxito de crítica.
Inspirada também nos limites da arte erótica e no caos da criação artística, que envolve sanidade e loucura, a montagem “Eros Impuro” é fruto da fruição artística do diretor-dramaturgo Sérgio Maggio, que teve a ideia da obra depois da experiência criativa de observar uma tela do ator, artista plástico e protagonista da peça Jones de Abreu. A partir do quadro - que pontua como um gesto cotidiano pode incitar um pensamento erótico -, o roteiro foi criado propondo um questionamento sobre as sequelas do abuso sexual.
Vítima dessa violência, o personagem Andrei busca se livrar da angústia que o persegue por meio da arte. O artista plástico acredita que encontrará sua redenção quando conseguir reproduzir na tela a mesma energia sentida no momento do ato de violência. Como os modelos vivos usados por Andrei são garotos de programa, sua obra é vista como pornográfica, suja. O pintor é julgado e marginalizado pela sociedade conservadora, que tem dificuldade em lidar com o erótico, e ele é obrigado a seguir sua carreira sem acesso a galerias e acuado em seu processo obsessivo de criação. O espetáculo não é indicado para menores de 18 anos.
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